Canetas emagrecedoras brasileiras chegam ao mercado e acendem alerta médico

Novos produtos nacionais, como Olire e Lirux, exigem prescrição e reforçam debate sobre uso consciente e acompanhamento clínico

Por Plox

16/09/2025 18h56 - Atualizado há 1 dia

A chegada das primeiras canetas emagrecedoras produzidas no Brasil, como Olire e Lirux, fabricadas pela EMS, colocou novamente os medicamentos à base de análogos de GLP-1 no centro do debate público. Antes restritos a marcas internacionais, como Ozempic, Saxenda, Wegovy, Mounjaro e Victoza, esses fármacos ganharam versões nacionais e reacenderam discussões sobre acesso, regulação e, sobretudo, o uso responsável. O alerta para não ser atraído pela promessa de emagrecimento rápido e sem esforço é feito pela médica Patrícia Torres, pós-graduada em Nutrologia. Confira as orientações na Live.



Desde junho de 2025, a Anvisa passou a exigir a retenção da receita médica para a dispensação desses medicamentos. A decisão foi tomada diante do aumento do uso indiscriminado dos agonistas de GLP-1 — entre eles semaglutida, liraglutida e tirzepatida — muitas vezes empregados sem avaliação clínica adequada, apenas por motivos estéticos.


Imagem Foto: Divulgação


Para a médica Patrícia Torres, da Integrative Ipatinga e pós-graduada em Nutrologia pela ABRAN, o cenário exige cautela: “O que deveria ser um recurso terapêutico para casos específicos virou promessa de emagrecimento rápido e sem esforço, o que é perigoso. Essas medicações devem integrar um plano terapêutico personalizado e respeitar a complexidade da obesidade”, alerta.


Imagem Foto: Andressa Estevão / PLOX


Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde, mais de 60% da população brasileira tem excesso de peso. As canetas são formalmente indicadas para obesidade (IMC acima de 30) ou sobrepeso com doenças associadas, como hipertensão, diabetes tipo 2 e apneia do sono. Apesar disso, muitos pacientes iniciam o uso sem prescrição, exames ou acompanhamento, aumentando riscos à saúde.


As substâncias agem promovendo saciedade, retardando o esvaziamento gástrico e reduzindo o apetite. No entanto, a Dra. Patrícia ressalta que não se trata de solução isolada: “É preciso associar a uma rotina de alimentação equilibrada, sono adequado, suporte emocional e atividade física”.


Imagem Foto: Divulgação


A Medicina Funcional Integrativa considera fatores como saúde intestinal, desequilíbrios hormonais, qualidade do sono, carências nutricionais e estresse crônico antes da prescrição. A médica lembra ainda que estudos recentes apontam risco de efeito rebote. Uma metanálise publicada em 2025 pela revista Obesity Reviews, com mais de 2.300 pacientes, mostrou que cerca de metade dos usuários recupera peso após suspender o tratamento — em alguns casos, até 9,7 kg.


Imagem Foto: Andressa Estevão / PLOX


“O objetivo não deve ser perder peso temporariamente, mas reprogramar o organismo para sustentar um novo equilíbrio metabólico. A medicina integrativa propõe exatamente essa transformação duradoura”, conclui a especialista.



Destaques