CPMI do INSS vota convocação de familiares e sócios ligados a fraudes milionárias
Sessão desta terça define novos depoimentos após investigados se recusarem a falar; depoimentos estão marcados para quinta-feira
Por Plox
16/09/2025 10h24 - Atualizado há cerca de 6 horas
A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) criada para investigar fraudes em aposentadorias e pensões do INSS vai votar nesta terça-feira (16), às 14h, a convocação de seis pessoas ligadas diretamente aos dois principais investigados do caso: Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como 'Careca do INSS', e o empresário Maurício Camisotti.

A iniciativa surgiu após o cancelamento do depoimento de Camilo e Camisotti, que se recusaram a comparecer à comissão, gerando forte reação entre os parlamentares. O presidente da CPMI, senador Carlos Viana (Podemos-MG), classificou a atitude como um desrespeito e afirmou que a convocação das testemunhas é uma resposta à falta de compromisso das defesas.
“A CPMI precisa reagir à postura dos investigados, que ignoraram os entendimentos feitos com a comissão”, afirmou o senador
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O acordo para as novas convocações foi fechado entre parlamentares da base e da oposição. O objetivo é garantir o andamento das investigações e pressionar pela responsabilização dos envolvidos no esquema.
A sessão de quinta-feira (18), marcada para as 9h, deverá ouvir:
- Tânia Carvalho dos Santos (esposa e sócia de Camilo);
- Romeu Carvalho Antunes (filho e sócio de Camilo);
- Rubens Oliveira Costa (sócio de Camilo);
- Milton Salvador de Almeida Júnior (sócio de Camilo);
- Cecília Montalvão (esposa de Camisotti e sócia em empresa que atuou na modernização da Previdência);
- Nelson Willians (advogado com movimentações financeiras suspeitas envolvendo Camisotti).
O relator da comissão, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), explicou que os convocados prestarão depoimento como testemunhas, mas a classificação poderá ser revista conforme as declarações. Ele ainda responsabilizou os próprios investigados por envolverem parentes e sócios nas operações:
“Foram eles que expuseram os parentes ao sistema criminoso”
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O vice-presidente da CPMI, deputado Duarte Jr. (PSB-PI), destacou que os convocados são obrigados a comparecer, mesmo que tenham o direito constitucional de permanecer em silêncio. “Ninguém é obrigado a produzir prova contra si, mas a lei não permite que simplesmente deixem de comparecer. A CPMI está cumprindo o papel que a Constituição lhe garante”, afirmou.
A comissão foi criada para apurar denúncias de um esquema milionário que teria desviado recursos por meio de descontos irregulares sobre benefícios previdenciários, impactando milhares de beneficiários do INSS. Camilo é apontado como o operador central do esquema, enquanto Camisotti teria fornecido apoio técnico e logístico por meio de empresas ligadas à digitalização de processos da Previdência.
A expectativa dos parlamentares é de que os depoimentos de quinta-feira ajudem a revelar conexões mais amplas do esquema e eventuais articulações políticas que possam ter sustentado a fraude.
Com a intensificação das investigações, o caso ganha novos desdobramentos a cada semana, e a CPMI promete aprofundar a responsabilização dos envolvidos, inclusive com novas convocações a caminho.