Ex-delegado executado dias após relatar ausência de proteção
Ruy Ferraz Fontes, ex-chefe da Polícia Civil de SP e conhecido por combater o PCC, foi morto a tiros em Praia Grande
Por Plox
16/09/2025 07h25 - Atualizado há cerca de 2 horas
Na noite de segunda-feira (15), uma execução violenta chocou os moradores do bairro Mirim, em Praia Grande, litoral de São Paulo. O ex-delegado-geral da Polícia Civil paulista, Ruy Ferraz Fontes, de 64 anos, foi morto a tiros de fuzil enquanto dirigia pela cidade onde residia e trabalhava como secretário de Administração desde 2023.

Ruy era um dos nomes mais experientes no combate ao crime organizado em São Paulo. Atuou por quatro décadas na Polícia Civil, tendo sido o primeiro delegado a investigar o Primeiro Comando da Capital (PCC) no início dos anos 2000, à frente da Delegacia de Roubo a Bancos do Deic. Sua atuação firme lhe rendeu a alcunha de “inimigo número 1” da facção. Em 2019, após a transferência de Marcola, apontado como líder do PCC, para o sistema penitenciário federal, Ruy foi jurado de morte.
Mesmo com esse histórico, o ex-delegado vivia sem escolta ou qualquer tipo de proteção pessoal. Em entrevista concedida à Rádio CBN semanas antes de sua morte, Ruy relatou que residia sozinho em Praia Grande, e não via necessidade de segurança. “Desde 2002 fui encarregado de fazer investigações relacionadas com o crime organizado, especificamente, com relação ao PCC. Eu não quero, eu não tenho proteção. Proteção de que? Hoje eu moro sozinho, eu vivo sozinho aqui na Praia Grande, que é o meio deles. Hoje eu não tenho estrutura nenhuma”, declarou.
O atual delegado-geral da Polícia Civil, Artur Dian, também comentou sobre a postura de Ruy, afirmando que ele não demonstrava receio quanto a possíveis atentados. “Ultimamente, pelo que a gente levantou preliminarmente, e a última vez que eu também pude conversar com ele, não existia esse receio. Claro que um policial sempre tem toda a cautela, ele andava armado, obviamente, mas ele não tinha esse receio específico de que alguém pudesse estar atentando contra a vida dele”, disse Dian.
A execução ocorreu quando Ruy retornava do trabalho. Imagens de câmeras de segurança mostram que ele tentou fugir ao perceber a aproximação dos criminosos, mas colidiu com um ônibus e capotou o carro. Em seguida, homens armados desceram de outro veículo, que seguia atrás, e dispararam diversos tiros contra o carro de Ruy. Ele foi socorrido, mas morreu em decorrência dos ferimentos.
O ataque também deixou dois feridos. Uma mulher sofreu lesões leves e teve alta no mesmo dia. Um homem continua internado, sem risco de morte, no Hospital Municipal Irmã Dulce.
Em resposta ao atentado, o secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, anunciou a criação de uma força-tarefa e enviou mais de 100 policiais ao litoral paulista para reforçar as investigações e localizar os autores do crime.
“Hoje eu moro sozinho, eu vivo sozinho aqui na Praia Grande, que é o meio deles. Hoje eu não tenho estrutura nenhuma”, disse Ruy Ferraz
.
A morte do ex-delegado provocou grande comoção na cidade e acendeu o alerta sobre a vulnerabilidade de agentes que, mesmo após deixarem a ativa, continuam sendo alvos do crime organizado.