Oposição assegura votação de urgência da anistia e Tião Medeiros desponta como relator
Indicação de Arthur Lira fortalece nome do deputado do PP-PR, enquanto base e centrão se dividem sobre proposta que pode beneficiar Bolsonaro
Por Plox
16/09/2025 17h12 - Atualizado há cerca de 14 horas
A Câmara dos Deputados se prepara para uma sessão decisiva nesta quarta-feira (17/9), quando será votado o requerimento de urgência para acelerar a tramitação do projeto da anistia. A oposição conseguiu garantir que o tema entrará na pauta, após pressão direta sobre o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB).

A expectativa é que Tião Medeiros (PP-PR) assuma a relatoria da proposta, escolha que partiu de Arthur Lira (PP-AL), ex-presidente da Câmara e ainda voz influente nos bastidores. A indicação agrada ao grupo oposicionista e reforça a articulação política em torno do tema.
Segundo os líderes da oposição, como Zucco (PL-RS) e Caroline de Toni (PL-SC), Hugo Motta aceitou a pressão para colocar a urgência em votação. A confirmação deve sair oficialmente em reunião do colégio de líderes, marcada para a manhã do mesmo dia. O conteúdo do texto, no entanto, segue indefinido e caberá ao relator moldar os pontos da anistia.
A oposição trabalha com o objetivo de estender o perdão a Jair Bolsonaro (PL), condenado a 27 anos e 3 meses de prisão, algo que divide a postura do centrão. Deputados desse bloco serão determinantes para a aprovação ou rejeição da proposta. O presidente da Câmara, por sua vez, não se comprometeu integralmente com a pauta e mantém cautela diante do peso político da decisão.
O líder do PT, Lindbergh Farias (RJ), afirmou que o governo pode adotar medidas duras, inclusive a retirada de cargos de parlamentares do centrão, para frear o avanço da anistia.
Além do cálculo político de Hugo Motta, há resistência também no Senado. O presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), articula há três meses uma alternativa que não contempla Bolsonaro. A proposta em discussão no Senado busca reduzir penas de condenados pelos atos de 8 de janeiro, e conta com apoio da base governista, de parte do centrão e até de ministros do Supremo Tribunal Federal.
A possibilidade de uma anistia ampla e irrestrita, defendida pela direita, gera descontentamento em diferentes setores do Legislativo e pode tensionar ainda mais a relação com o Judiciário. A sessão de quarta-feira, portanto, será um teste para medir o real alcance político do projeto e sua viabilidade dentro do Congresso.