Sites de apostas ilegais driblam bloqueio do governo federal com novos domínios

Apesar do bloqueio imposto pelo governo federal, sites de apostas ilegais continuam a operar no Brasil por meio de domínios alternativos, que surgem rapidamente após as proibições.

Por Plox

16/10/2024 14h10 - Atualizado há 3 dias

Na terça-feira (15), o g1 encontrou 134 novos sites relacionados a 18 plataformas de apostas ilegais. Dessas páginas, 51 foram criadas na sexta-feira (11), o mesmo dia em que a Anatel divulgou sua lista de mais de dois mil domínios que deveriam ser bloqueados. No sábado (12), outros 19 sites foram criados, e mais cinco surgiram na terça-feira (15). Além disso, 59 dos sites já estavam em operação antes do anúncio do bloqueio.

A criação de novos domínios para contornar o bloqueio tem sido uma estratégia eficaz para manter essas plataformas funcionando. Um exemplo é o uso de variações no nome do site, como a adição de números ou caracteres extras. A plataforma Jogo, por exemplo, continua operando com domínios como 42.jogo.com e 48.jogo.com, mesmo após a tentativa de bloqueio.

Desafios técnicos dificultam bloqueio

A capacidade das plataformas de criar novos sites rapidamente é vista como um dos principais desafios para impedir o funcionamento das apostas irregulares no Brasil. De acordo com a Associação Nacional de Jogos e Loterias (ANJL), é relativamente fácil para essas empresas burlarem os bloqueios ao simplesmente lançar um novo link com um domínio diferente, permitindo que as apostas voltem a operar quase imediatamente.

Esse desafio técnico tem dificultado o trabalho de regulamentação das apostas no Brasil. O Ministério da Fazenda é o responsável por identificar os sites irregulares e enviar a lista à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), que repassa o pedido às operadoras de internet para que realizem o bloqueio. No entanto, com a rapidez com que novos sites surgem, a medida acaba sendo ineficaz.

Foto: Reprodução

 

 

Ação da Anatel e Ministério da Fazenda

Procurada, a Anatel reafirmou seu papel no processo de bloqueio. Em resposta ao g1, a agência declarou que "encaminha a lista dos endereços dos sites que exploram a modalidade lotérica de apostas em desacordo com a regulamentação do Ministério da Fazenda" às empresas de telecomunicações autorizadas, que são responsáveis pela implementação do bloqueio dos domínios.

O Ministério da Fazenda, que também foi questionado, ainda não se manifestou sobre o assunto. No entanto, o ministro Fernando Haddad já havia declarado em 10 de outubro que o processo de identificação de sites irregulares seria contínuo e que qualquer tentativa de driblar as proibições seria comunicada à Anatel, para que o bloqueio fosse efetuado novamente.

Processo de regulamentação das apostas no Brasil

Atualmente, o Brasil está no meio do processo de regulamentação das apostas online. Ao todo, 96 empresas foram autorizadas a operar nacionalmente até dezembro deste ano, controlando 210 plataformas de apostas. Além disso, outras 18 empresas receberam autorização para atuar em regiões específicas.

Enquanto isso, a lista de sites irregulares que continuam ativos inclui nomes como 136bet, BBRbet, 74bet, Um Cassino, e vários outros, que seguem operando, muitas vezes, apenas com pequenas variações no nome original.

Como o bloqueio das apostas ilegais funciona?

O Ministério da Fazenda é o órgão responsável por identificar as casas de apostas que operam de forma irregular no país. Após esse processo, a lista de sites irregulares é enviada à Anatel, que, por sua vez, solicita às operadoras de internet que realizem o bloqueio do acesso a esses domínios por meio das URLs.

Apesar dos esforços para coibir as apostas ilegais, as empresas têm demonstrado uma capacidade rápida de adaptação, criando novos sites à medida que os bloqueios são implementados. Isso torna o processo de regulamentação um desafio contínuo para as autoridades brasileiras.

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