Filiação de Bolsonaro ao PL é suspensa; apoio do partido a adversários desmotivou o presidente

A filiação partidária do presidente da República, Jair Bolsonaro, ao Partido Liberal (PL) já não está tão certa. A cerimônia que oficializaria a entrada de Bolsonaro à legenda, marcada para o próximo dia 22, foi suspensa e ainda não foi remarcada. O presidente dá a entender que não estaria nada satisfeito com alguns apoios do PL em certas possibilidades de alianças em alguns estados, como São Paulo.

"A gente não vai aceitar, por exemplo, São Paulo apoiar alguém do PSDB. Eu acho difícil esta data 22, tenho conversado com eles, estamos de comum acordo que podemos atrasar um pouco esse casamento para que ele não comece sendo muito igual aos outros, não queremos isso”, declarou o presidente.

Além dessas questões, a aproximação de Jair Bolsonaro ao PL, presidido por Valdemar da Costa Neto, pode levar o presidente a ter de lidar com críticas, principalmente de seus apoiadores, a respeito de sua principal promessa: o combate à corrupção. Valdemar foi um dos condenados no Mensalão, famoso caso de corrupção ocorrido no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A parceria entre Bolsonaro e o PL, então, poderia dar folego ao ex-ministro, Sérgio Moro, para fazer sua campanha em cima da bandeira do combate à corrupção. De outro lado, caso o presidente não se filie ao PL, o partido, que é hoje um dos mais fortes do chamado Centrão, pode permitir o apoio de seus filiados a outros candidatos, alguns inclusive que fazem oposição ao governo Bolsonaro. 

Assim, o Partido Liberal poderia ter palanques estaduais apoiando também a João Doria e até mesmo ao ex-presidente Lula. O assunto tem causado preocupação aos ministros e apoiadores do governo. 

O chefe de Estado está em viagem oficial ao Oriente Médio, em busca de investimentos. Dentre os destinos que o presidente está visitando estão Bahrein, Catar e Emirados Árabes Unidos. A decisão sobre a filiação ao PL é um dos assuntos que Bolsonaro deve buscar uma solução logo que pisar em solo brasileiro.

Nesta segunda-feira (15), Jair Bolsonaro disse em Dubai que o partido que ele estiver não pode "flertar" com partidos progressistas. “Eu preciso, se vier candidato, deixar bem claro, obviamente é ter candidato em quase todos os estados, em especial, São Paulo que tem mais de 30 milhões de eleitores. Então é isso que tá pegando. Waldemar é uma pessoa de palavra. Ele falou que está buscando uma negociação, não conseguiu ainda a garantia de outro lado de que ele pode desfazer do que fez no passado. Então resolvemos simplesmente, adiar. Nosso partido não pode estar flertando com a esquerda num ou outro estado, então se nós resolvermos isso aí eu assino a filiação. Eu espero em duas ou três semanas, casar ou desfazer o noivado, mas acho que tem tudo pra gente casar e ser feliz.”

No dia 10 de novembro, o Partido Liberal (PL) divulgou uma nota afirmando que Jair Bolsonaro assinaria a filiação no dia 22 de novembro, a nota dizia o seguinte: 

“Brasília - O Presidente da República do Brasil, Jair Bolsonaro, assinará a ficha de filiação do Partido Liberal na manhã do próximo dia 22, em evento político dos liberais, a ser realizado em Brasília. A informação foi confirmada pelo Presidente Nacional do PL, Valdemar Costa Neto, depois de reunião com o Chefe do Executivo brasileiro, na manhã deste dia 10 de novembro.

Segundo Costa Neto, Bolsonaro bateu o martelo sobre sua opção de partido durante o encontro que, de caráter institucional, também decidiu sobre a data da cerimônia de filiação. O evento contará com a presença de dirigentes do PL do Brasil inteiro.

O presidente liberal já designou uma comissão coordenadora que se responsabilizará pela organização do evento, que será realizado no centro de convenções do complexo Brasil 21. A coordenação de comunicação social da legenda confirma que aguarda, para as próximas horas, a gravação de um filme em que Costa Neto anunciará a filiação de Bolsonaro.”