Bolsonaro desafia PEC sobre escala 6×1 e propõe salário mínimo de R$ 10 mil

Ex-presidente critica mudança na jornada de trabalho e sugere estratégias para desgastar o governo Lula

Por Plox

16/11/2024 08h12 - Atualizado há 7 meses

O ex-presidente Jair Bolsonaro manifestou críticas contundentes à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que propõe o fim da escala de trabalho 6×1, durante um evento na sede do Partido Liberal (PL) em Brasília, nesta quarta-feira (13). Aproveitando a posse do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) como secretário de Relações Internacionais e Institucionais do partido, Bolsonaro sugeriu medidas para pressionar o governo Lula, incluindo a provocativa proposta de elevar o salário mínimo para R$ 10 mil.

Jair Bolsonaro Foto: Alan Santos/PR

Críticas ao PT e à PEC da jornada reduzida

Bolsonaro acusou o Partido dos Trabalhadores (PT) de buscar "renascer das cinzas" ao apoiar a PEC que altera a jornada de trabalho. Ele argumentou que a mudança seria prejudicial tanto para empregadores quanto para empregados, afirmando que muitas pessoas não compreendem os impactos econômicos que poderiam surgir.

“Ele [o trabalhador] acha que pode trabalhar quatro dias por semana e está tudo bem, o patrão não vai diminuir salário, não vai ter problema nenhum, não vai encarecer o produto”, declarou Bolsonaro.

O ex-presidente alertou que, embora os parlamentares do PL que se opõem à PEC estejam certos em suas críticas, a abordagem pode gerar desgaste político para o partido. Ele defendeu uma estratégia mais cautelosa e combativa, comparando a situação a "combater uma picada de cobra com peçonha".

Propostas polêmicas e desafios ao governo

Como parte de sua estratégia, Bolsonaro sugeriu incluir na PEC cláusulas que forcem o governo a se posicionar, como a elevação do salário mínimo.

“Por que não colocar na PEC R$ 10 mil o salário mínimo? O que é mais importante, vocês têm que provocar o chefe do Executivo, que é o chefe da esquerda. Ele tem que se pronunciar sobre essa PEC”, desafiou.

Ele também mencionou que a mudança de jornada deveria ser analisada com mais cuidado para evitar um impacto negativo nas relações entre empregados e empregadores, algo que, segundo ele, o PT estaria promovendo.

PECs em tramitação: de Erika Hilton e Reginaldo Lopes

Duas propostas principais estão no centro do debate. Uma delas, de autoria da deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), visa reduzir a jornada de trabalho para 36 horas semanais, limitadas a oito horas diárias, possibilitando a criação de uma escala de 4×3. A mudança seria implementada em um ano.

Já o deputado Reginaldo Lopes (PT-MG) defende uma transição mais gradual, com prazo de dez anos para a implementação de uma jornada de cinco dias de trabalho por semana. A proposta tramita na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara desde 2019.

Impactos políticos e eleitorais

Bolsonaro destacou que a PEC pode ser uma oportunidade para o PT buscar recuperação política após resultados considerados negativos em eleições municipais recentes.

“E o PT está buscando uma sobrevida, porque eles se acabaram. As eleições municipais mostram isso, eles têm que renascer das cinzas, jogando um contra o outro, empregado contra patrão”, afirmou o ex-presidente.

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