Calor e chuvas do El Niño disparam casos de dengue em São Paulo
Fenômeno climático impulsiona proliferação do Aedes aegypti, responsável por doenças como dengue, Zika e chikungunya.
Por Plox
16/11/2024 13h22 - Atualizado há 22 dias
Um estudo conduzido por pesquisadores da Fapesp revelou que o fenômeno climático El Niño intensifica a ocorrência do mosquito Aedes aegypti, vetor de doenças como dengue, Zika e chikungunya, no estado de São Paulo. A pesquisa, que analisou dados de 2008 a 2018 em todos os 645 municípios paulistas, apontou que recipientes descartados ao ar livre, quando expostos a temperaturas acima de 23,3°C e chuvas superiores a 153 mm — condições características do El Niño — apresentaram 1,3 vezes mais larvas do mosquito.
O El Niño, responsável por aquecer as águas do Oceano Pacífico, altera os padrões globais de umidade e calor, impactando especialmente regiões tropicais como o Brasil.
Impactos alarmantes em 2024
Este ano, sob a influência do El Niño até o primeiro semestre, o Brasil enfrentou o maior número de casos de dengue desde o início do monitoramento em 1986. Até 9 de novembro, os dados foram alarmantes:
- 6,5 milhões de casos de dengue em todo o país, com 5.803 mortes;
- No estado de São Paulo, foram 2,1 milhões de casos e 1.904 óbitos;
- Na capital paulista, registraram-se 632 mil casos e 393 mortes.
O papel das políticas públicas
Francisco Chiaravalloti Neto, professor da Faculdade de Saúde Pública da USP e um dos autores do estudo, ressaltou a importância de prever os impactos do El Niño para combater o Aedes aegypti de forma estratégica.
“Como ele é previsível, a gente pode usar essa informação para auxiliar no controle, identificar áreas de maior risco e intensificar o controle em períodos de El Niño e onde ele é mais incidente”, afirmou.
Sintomas e cuidados contra a dengue
O infectologista Renato Grinbaum alertou sobre os sintomas da dengue, que podem variar de leves, semelhantes a um resfriado, até quadros graves. “A pessoa com dengue pode ter um quadro leve, que parece com um resfriado, mas o quadro mais típico é uma pessoa que tem uma febre um pouco mais alta, fortes dores musculares, dor de cabeça e atrás dos olhos. Nós devemos usar repelente. Sempre que a gente tiver sintomas da dengue, a gente deve procurar a atenção médica. Rapidamente”, explicou.
Vacinação contra a dengue no estado de São Paulo
Para conter a alta de casos, o governo estadual iniciou a vacinação contra a dengue em crianças e adolescentes de 9 a 14 anos, faixa etária mais suscetível a hospitalizações pela doença. Até o momento, 391 municípios paulistas já receberam doses do imunizante, e o estado solicitou mais vacinas ao Ministério da Saúde para ampliar a cobertura vacinal.
O esquema prevê duas doses, aplicadas com três meses de intervalo. A ampliação do acesso à vacina é vista como uma medida essencial para enfrentar os impactos do El Niño e a crescente proliferação do Aedes aegypti.