Cleitinho e Nikolas disputam liderança da direita em Minas Gerais
O senador Cleitinho Azevedo e o deputado Nikolas Ferreira travam um embate político que reflete a disputa pela hegemonia conservadora no estado.
Por Plox
16/11/2024 08h34 - Atualizado há 7 meses
A relação entre Cleitinho Azevedo (Republicanos) e Nikolas Ferreira (PL), dois dos maiores expoentes da direita mineira, já não é mais de aliados. Embora compartilhem o mesmo eleitorado conservador, seus estilos e ambições os colocam em lados opostos de um embate que promete moldar o futuro político de Minas Gerais. Cleitinho se destaca como um líder pragmático, com capacidade de dialogar com diferentes públicos, enquanto Nikolas é visto como o principal herdeiro do bolsonarismo no estado.
Cleitinho: o político do povo
Ex-DJ, cantor de boteco e caixa de supermercado, Cleitinho construiu sua carreira política com base em uma narrativa próxima do cotidiano dos cidadãos comuns. Sua estratégia mistura carisma pessoal e uso eficiente das redes sociais, onde suas denúncias sobre problemas de infraestrutura e burocracia viralizam com frequência. Além disso, ele lidera o clã político "Azevedo", com irmãos ocupando posições estratégicas na política estadual e municipal.
Sua independência partidária é uma marca. Apesar de filiado ao Republicanos e leal ao presidente estadual da legenda, Euclydes Pettersen, Cleitinho já demonstrou que não hesita em contrariar interesses do partido. Recentemente, declarou apoio a Bruno Engler (PL) na corrida pela Prefeitura de Belo Horizonte, ignorando o candidato do Republicanos, Mauro Tramonte, e disparou: “Eu quero que se exploda a fidelidade partidária.”
Nikolas: a força do bolsonarismo
Por outro lado, Nikolas Ferreira, o deputado federal mais votado da história de Minas Gerais, representa a continuidade do bolsonarismo. Com um discurso calcado em pautas morais e conservadoras, ele é uma figura central no PL e comanda a Comissão de Educação na Câmara dos Deputados. Seu papel estratégico dentro do partido e sua fidelidade à ideologia bolsonarista o colocam como um pilar dessa corrente política no estado.
Choque de estilos e ideologias
As diferenças entre os dois líderes vieram à tona em episódios recentes. Um dos mais marcantes foi a divergência em relação à PEC que propõe o fim da escala de trabalho 6x1. Cleitinho defendeu a medida, argumentando que beneficia diretamente os trabalhadores, enquanto Nikolas seguiu a linha do PL, votando contra. Essa situação evidenciou o pragmatismo de Cleitinho em contraste com a rigidez ideológica de Nikolas.
Além disso, há rumores de ciúmes mútuos. Cleitinho tem alcançado públicos que Nikolas não consegue atingir, transitando entre bolsonaristas e progressistas desiludidos com o PT. Por sua vez, Nikolas mantém uma base sólida de apoio entre os defensores mais ferrenhos das pautas bolsonaristas.
Planos futuros e o impasse no PL
Nos bastidores do PL, especula-se sobre um possível cenário em que Cleitinho dispute o governo de Minas Gerais, enquanto Nikolas permanece na Câmara dos Deputados. Contudo, o senador resiste a essa ideia, mantendo sua independência e um estilo político imprevisível.
Conflitos em outros cenários políticos
A disputa entre os dois líderes ocorre em um contexto político mais amplo. A deputada Erika Hilton, autora da PEC que visa limitar a jornada de trabalho a 36 horas semanais, protagonizou um protesto em Belo Horizonte, ganhando adesão de movimentos como Unidade Popular (UP) e PSTU. O ato ocorreu em meio à tentativa da direita de barrar a pauta na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), mas a pressão popular demonstrou força.
Enquanto isso, a Justiça condenou Eliane Miranda Coelho a pagar R$ 5 mil à deputada Lohanna (PV) por danos morais após um episódio de agressão em um protesto bolsonarista, sinalizando que a polarização política não se limita ao jogo de lideranças.