Mãe descobre troca de gêmeos na maternidade após dois anos e move ação contra obstetra
Famílias de Alagoas vivem drama após descoberta de troca de bebês no hospital. Testes de DNA comprovaram a troca, e a justiça agora decidirá o futuro das crianças.
Por Plox
16/12/2024 09h00 - Atualizado há 6 meses
Um vídeo gravado em uma creche de Alagoas mudou completamente a vida de duas famílias. As imagens mostravam um menino que, por sua aparência, foi reconhecido como sendo idêntico a outro garoto da região. A semelhança chamou a atenção das mães, que decidiram investigar o caso. O que descobriram foi chocante: uma troca de gêmeos na maternidade separou os irmãos logo após o nascimento.

Débora e Suelson, agricultores que vivem em São Sebastião, no agreste de Alagoas, tiveram sua rotina virada de cabeça para baixo. A gestação dos gêmeos ocorreu de forma tranquila até o oitavo mês, quando Débora precisou ser transferida para um hospital maior, em Arapiraca, devido à pressão alta.
Os bebês, batizados de Guilherme e Gabriel, nasceram prematuramente no dia 21 de fevereiro de 2022 e precisaram ser internados na UTI neonatal para ganhar peso. Por conta dos protocolos de segurança contra a COVID-19, visitas de familiares não foram permitidas. "Eu até pensei que eu iria todos os dias para amamentar, mas não fui. O pediatra me ligava e passava o relatório de como eles estavam", relembra Débora.
Os bebês foram liberados para casa no dia 12 de março de 2022, e até então, Débora acreditava que tinha dado à luz a gêmeos bivitelinos, já que o obstetra nunca afirmou com certeza que eles eram idênticos.
O vídeo que revelou a verdade
Dois anos depois, a descoberta. Uma amiga de Débora enviou a ela um vídeo de uma criança chamada Bernardo, que aparecia rezando em uma creche de Craíbas, cidade próxima de São Sebastião. Débora ficou impressionada com a semelhança do menino com seu filho Gabriel. "Eu fiquei tão atordoada. Postei um vídeo, o vídeo dele na creche rezando, e postei um vídeo chorando: 'Vocês me perguntando se esse menino é o Gabriel, mas não é o Gabriel. Estou emocionada porque o menino é idêntico ao Gabriel'", desabafou.
Assim como Débora, Maria Aparecida, mãe de Bernardo, também havia passado por uma gestação tranquila até o oitavo mês. Seu filho nasceu no mesmo hospital de Arapiraca, mas três dias depois dos gêmeos, e precisou permanecer internado para ganhar peso. Bernardo só foi liberado no dia 28 de março de 2022.
Após a postagem de Débora nas redes sociais, as mães se encontraram com o apoio de uma conselheira tutelar. No encontro, Débora conheceu Bernardo e, diante da semelhança, as duas decidiram realizar testes de DNA para esclarecer a situação.
Resultados do DNA e a revelação da troca
O exame de DNA confirmou a troca. O teste apontou que Bernardo é, na verdade, filho biológico de Débora e Suelson, e irmão de Gabriel. Por outro lado, Guilherme, que foi criado como filho biológico de Débora, é filho de Maria Aparecida.
"Esses meses estão sendo, tipo, que meu mundo caiu", desabafou Débora, emocionada com a descoberta.
Investigação e batalha judicial
O caso agora é investigado pela polícia. A administração do Hospital Regional Nossa Senhora do Bom Conselho, onde os partos ocorreram, informou que está colaborando com as autoridades para esclarecer os fatos.
Uma ação judicial foi movida contra o obstetra que realizou o pré-natal e o parto de Débora. Segundo o advogado da família, exames feitos durante o pré-natal já indicavam que os gêmeos eram idênticos, mas essa informação não foi repassada aos pais. O obstetra foi procurado pela reportagem, mas preferiu não se manifestar.
Disputa pela guarda das crianças
O caso agora está nas mãos da Justiça. Débora busca a guarda de Bernardo, seu filho biológico, mas também quer manter Guilherme, já que a criança tem problemas graves de saúde e foi criada por ela desde o nascimento. Maria Aparecida, por sua vez, deseja permanecer com Bernardo, mas está disposta a manter uma relação próxima com Guilherme.
A Defensoria Pública, que representa Maria Aparecida, defende a permanência das crianças com as famílias que as criaram, mas sugere que as mães mantenham laços de proximidade com seus filhos biológicos.
Enquanto a decisão judicial não é tomada, as famílias continuam em contato. As visitas entre os irmãos e as mães acontecem a cada 15 dias.