Déjà vu: entenda a sensação de familiaridade em uma situação nova e desconhecida

Neurocientista analisa esse fenômeno e explica a sua relação com o cérebro

Por Plox

17/01/2022 09h14 - Atualizado há cerca de 2 anos

Imagine que pela primeira vez você entra em um lugar, mas ao invés de sentir-se conhecendo algo novo, a sensação que vem na sua mente é de que você já conhecesse aquele local e já viveu momentos ali antes. Trata-se de um sentimento estranho, onde prevalece a ideia de “eu já vivi esta situação antes”. Existe um nome para isso: déjà vu.

A palavra déjà vu significa "já visto" em francês: “o déjà vu é uma ilusão da percepção que ocorre quando o sujeito experimenta sensações de familiaridade em uma situação nova e desconhecida, levando a se recordar de um acontecimento não vivido”, afirma o neurocientista Fabiano de Abreu.

Embora a expressão “déjà vu” tenha surgido no século 18, durante muito tempo não haviam estudos científicos sobre esse fenômeno. O especialista pontua que os avanços na neurociência mudaram esse panorama: “ atualmente já é possível observar e estudar o fenômeno através da neurologia e atribuir as suas causas a questões neurológicas, especificamente, a distúrbios nas funções cognitivas relacionadas à memória e atenção. Todavia, esse tema ainda é um desafio para a ciência”, contextualiza.

As pesquisas mostram que o fenômeno está relacionado com a memória, a percepção, o lobo temporal e que uma falha do circuito cerebral é responsável por essa falsa sensação de lembrança. Segundo o especialista, o déjà vu é considerado um fenômeno sem causas patogênicas nem manifestações físicas e ocorre de maneira rápida e espontânea. 

Quando o déjà vu pode ser um problema? “Para que o déjà vu seja considerado de ordem patológica, é necessário que ele aconteça com certa freqüência e que tenha um maior tempo de duração”, alerta Fabiano de Abreu.  

O neurocientista argumenta que indivíduos não familiarizados com o termo podem confundir com outros sintomas, como alucinações e estados fora da realidade. “O déjà vu considerado normal pode acontecer, mas caso seja recorrente, é importante investigar se essas sensações não estão sinalizando algo mais grave”, destaca.

Existem doenças associadas ao déjà vu: “a epilepsia é uma das patologias mais associadas ao fenômeno. Ela acontece quando há uma alteração das atividades do cérebro, ocorrendo curto-circuito nos disparos elétricos das células nervosas que provoca uma perturbação sem sincronia nos pensamentos e comportamentos”, afirma o especialista.

Embora pesquisadores estudem o déjà vu, a ciência ainda não conseguiu encontrar todas as respostas sobre o fenômeno: não há dados conclusivos sobre suas causas e suas conexões com distúrbios neurológicos, como a epilepsia e esquizofrenia e os psiquiátricos, com a ansiedade e depressão. Para afirmar que o déjà vu ocorreu, é levado em consideração a subjetividade do indivíduo e seu entendimento sobre os próprios processos cognitivos”, explica o neurocientista. 

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