Pai continua buscas 40 anos após desaparecimento de filho; ‘Eu procuro Marco Aurélio’
Ivo Simon, agora com 85 anos, pai de Marco Aurélio, nunca cessou na busca por respostas sobre o paradeiro de seu filho
Por Plox
17/03/2024 12h27 - Atualizado há cerca de 1 ano
Há quase quatro décadas, a comunidade de Piquete, São Paulo, foi abalada pelo misterioso desaparecimento de Marco Aurélio Simon, um jovem escoteiro de 15 anos, durante uma expedição ao Pico dos Marins. O episódio, ocorrido em junho de 1985, ainda desafia explicações, mantendo-se um enigma sem solução.

Ivo Simon, agora com 85 anos, pai de Marco Aurélio, nunca cessou na busca por respostas sobre o paradeiro de seu filho. Movido por um amor paternal inabalável, Ivo organizou um evento intitulado ‘Eu procuro Marco Aurélio’, previsto para 23 de março em Piquete. A iniciativa busca revigorar as investigações, reunindo figuras centrais na tentativa de desvendar o que aconteceu naquele fatídico dia, incluindo Sandra Vergal, delegada na época do desaparecimento, Marcelo Cavalcante, delegado atual, e Osvaldo Machado, um dos escoteiros presentes na trilha.

Além dos envolvidos diretamente com o caso, o evento contará com a presença de guias turísticos que atuavam no Pico dos Marins naquela época, um policial do Rio de Janeiro que tem auxiliado nas buscas, e um ufólogo, Claudio Iatauro, ampliando o espectro de teorias sobre o desaparecimento. "Já são 38 anos, mas não me entrego nunca, só quando morrer", declara Ivo, simbolizando a esperança e determinação que guiam sua longa jornada.

O encontro, aberto ao público e gratuito, será realizado no salão de eventos Luiz Vieira Soares, evidenciando a importância comunitária do caso e o apoio contínuo na busca por Marco Aurélio. Apesar do tempo e das dificuldades, a determinação de Ivo Simon em encontrar respostas permanece uma inspiração, refletindo a persistência do amor paternal diante do desconhecido.
Desaparecimento
Em uma manhã de 8 de junho de 1985, Marco Aurélio Simon, então com 15 anos, juntamente com três amigos da mesma idade e um adulto responsável pelo grupo de escoteiros, iniciaram uma trilha no Pico dos Marins, localizado no município de Piquete, São Paulo. Este evento marcaria o início de um mistério que persiste há décadas: o desaparecimento de Marco Aurélio.

Após o incidente, autoridades como a polícia, o corpo de bombeiros e equipes de inteligência empenharam-se em buscas extensivas pela região durante 28 dias. Um inquérito foi estabelecido pela Polícia Civil com o objetivo de investigar as circunstâncias do desaparecimento, mas, eventualmente, foi arquivado sem conclusões definitivas.

Passados mais de trinta anos, uma reviravolta nocaso ocorreu em 2021 quando, motivada por um depoimento inédito, a polícia optou pela reabertura do inquérito, visando investigar novas pistas sobre o que aconteceu com Marco Aurélio. Duas principais linhas de investigação foram definidas: a primeira considera a possibilidade de Marco Aurélio ter sido assassinado e enterrado próximo ao local do acampamento; a segunda teoria sugere que ele, após se perder do grupo, tentou retornar para sua residência sem sucesso.

Dentro desse escopo, a Polícia Civil realizou operações de escavação em novembro de 2022 e em julho de 2021 em uma residência e em terrenos na zona rural de Piquete. Contudo, essas iniciativas não resultaram na descoberta de evidências adicionais que pudessem oferecer uma nova perspectiva sobre o destino de Marco Aurélio. Com isso, o caso permanece aberto, mantendo vivo o enigma em torno do que realmente aconteceu naquela fatídica jornada de 1985.
A versão oficial
Marco Aurélio Bezerra Bosaja Simon, um jovem paulista nascido em 16 de janeiro de 1970, desapareceu aos 15 anos sob circunstâncias misteriosas durante uma expedição escoteira no Pico dos Marins, São Paulo. Filho de Tereza Neuma Bezerra Simon e Ivo Bosaja Simon, Marco tinha um irmão gêmeo, Marco Antônio, e um irmão mais velho, Fábio. A investigação oficial trouxe à tona uma narrativa controversa envolvendo o líder da expedição, Juan Bernabeu Céspedes, e outros membros do grupo, sem chegar a uma conclusão definitiva sobre o que aconteceu com Marco.
No dia do incidente, após um dos escoteiros se machucar, Marco Aurélio foi permitido por Juan a voltar sozinho ao acampamento, deixando marcas de giz como sinalização. Contudo, sua trilha logo se perdeu, e apesar dos esforços de busca, Marco não foi encontrado. Inconsistências nas declarações e a falta de confiabilidade do inquérito, apontada por entrevistas subsequentes, só aumentaram as dúvidas sobre o caso.

A busca intensiva por Marco envolveu o apoio das Forças Armadas, alpinistas e helicópteros, mobilizados por seu pai, Ivo, um homem bem relacionado na cidade de Lorena. Contudo, todas as tentativas de localizar Marco foram em vão.
Várias teorias emergiram para explicar o desaparecimento, incluindo a possibilidade de abdução alienígena, uma hipótese baseada em relatos de atividades paranormais na área. Outras teorias sugeriam a fuga voluntária de Marco ou mesmo um crime. A teoria extraterrestre ganhou força após relatos de avistamentos de luzes misteriosas e sons na noite, mas foi questionada por testemunhas e pelo próprio pai de Marco, que buscou, sem sucesso, respostas mais plausíveis.
Em meio a controvérsias, um depoimento alarmante de um escoteiro apontou para a possibilidade de Juan Bernabeu Céspedes estar envolvido em atos violentos, levantando suspeitas sobre abuso e homicídio, hipóteses que nunca foram comprovadas. A complexidade do caso e a falta de evidências concretas deixam o desaparecimento de Marco Aurélio como um dos mistérios não resolvidos mais intrigantes do Brasil.