Diplomatas americanos expressam insatisfação com aproximação do Brasil à China e Rússia
A visita de Lavrov é vista pelo governo dos EUA como uma posição favorável à Rússia, o que pode aumentar a tensão nas relações diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos
Por Plox
17/04/2023 13h19 - Atualizado há cerca de 2 anos
Diplomatas e funcionários dos Estados Unidos manifestaram preocupação com a recente aproximação do Brasil a China e Rússia, alegando que o país sul-americano parece estar esquecendo o apoio dos EUA à democracia brasileira e à eleição do presidente Lula.

Críticas à aproximação com China e Rússia
Os profissionais norte-americanos demonstram insatisfação diante dos gestos do Brasil em direção aos governos chinês e russo, assim como das críticas direcionadas aos Estados Unidos. A situação tem gerado desconforto nas relações diplomáticas entre os países.
Visita do Ministro das Relações Exteriores russo ao Brasil
Nesta segunda-feira (17), o Brasil recebe Sergei Lavrov, ministro das Relações Exteriores da Rússia, em um encontro que tem potencial para intensificar ainda mais a insatisfação americana com o governo Lula.
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A visita de Lavrov é vista pelo governo dos EUA como uma posição favorável à Rússia, o que pode aumentar a tensão nas relações diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos.
Desafios nas relações diplomáticas
A crescente aproximação do Brasil com China e Rússia traz à tona o delicado equilíbrio nas relações diplomáticas internacionais. O posicionamento do país sul-americano nesse cenário levanta questionamentos sobre o futuro das parcerias e alianças políticas e econômicas com os Estados Unidos.
Reunião entre chanceleres Mauro Vieira e Sergei Lavrov ocorre em Brasília

Em um encontro diplomático realizado no Palácio do Itamaraty, o Ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, recebeu seu homólogo russo, Sergei Lavrov, nesta segunda-feira (17). Os principais temas abordados na reunião incluíram a guerra na Ucrânia e as relações comerciais entre Brasil e Rússia, em meio à crescente aproximação do presidente Lula com a China e a Rússia, o que tem provocado reações por parte dos Estados Unidos.
Esforços pela paz na Ucrânia
Após a reunião, Mauro Vieira afirmou que o Brasil está empenhado em buscar soluções pacíficas para o conflito ucraniano, que já dura mais de um ano. O chanceler brasileiro mencionou a proposta de criação de um "grupo de países amigos" para intermediar negociações entre Rússia e Ucrânia, visando uma paz duradoura.
Sergei Lavrov, por sua vez, agradeceu a contribuição do Brasil na busca de soluções para o conflito. "Estamos levando em consideração e precisamos resolver de forma duradoura, isso é muito importante", declarou o ministro russo.
Iniciativas de Lula e reações norte-americanas
O presidente Lula tem defendido um acordo de paz entre Rússia e Ucrânia. Em março, ele conversou com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, por videoconferência e propôs a criação de um "clube da paz", formado por países que poderiam mediar o fim do conflito.
Algumas das recentes declarações de Lula sobre o tema, no entanto, têm gerado reações do governo dos Estados Unidos. No último fim de semana, o presidente brasileiro afirmou que os EUA e países europeus têm adotado medidas que, em sua opinião, acabam prolongando a guerra.
A aproximação de Lula com a China e a Rússia também tem causado desconforto entre os norte-americanos. O presidente retornou recentemente de uma viagem à China, onde se encontrou com o presidente Xi Jinping.
Posicionamento da Ucrânia
Em resposta aos esforços de Lula, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia, Oleg Nikolenko, declarou no dia 7 de abril que seu país agradece as tentativas do presidente brasileiro de encerrar a guerra, mas ressaltou que a Ucrânia não cederá "um centímetro" de território à Rússia. A declaração veio após Lula afirmar que o presidente russo, Vladimir Putin, "não pode ficar com o terreno" invadido na Ucrânia, embora tenha acrescentado que "talvez nem se discuta a Crimeia", região ucraniana anexada pela Rússia em 2014.