Justiça absolve empresas aéreas do acidente com avião que saiu do Brasil; parentes dos 228 mortos se revoltam
A emoção tomou conta dos familiares presentes na sessão, que choraram e manifestaram indignação com o veredito
Por Plox
17/04/2023 12h45 - Atualizado há cerca de 2 anos
A Justiça francesa absolveu a Airbus e a Air France nesta segunda-feira (17) pela queda do voo AF447 entre Rio de Janeiro e Paris em 2009, que resultou na morte de 228 pessoas. As empresas estavam sendo julgadas por homicídio involuntário e, segundo a imprensa francesa, não há mais possibilidade de recurso.
Falta de "relação de causalidade" entre falhas e acidente
O tribunal de Paris entendeu que, apesar das "falhas" cometidas pelas duas companhias, não foi possível estabelecer uma "relação de causalidade" direta com o acidente. A decisão baseou-se na premissa de que não houve problema técnico no avião que causasse a queda da aeronave, ocorrida em 1º de junho de 2009 após enfrentar turbulência severa no Oceano Atlântico.
Desde o acidente, investigações têm buscado determinar a causa da queda. Em 2011, pesquisadores franceses concluíram que os pilotos tiveram uma resposta inadequada a sensores de velocidade congelados, resultando em uma queda livre da aeronave e na incapacidade de reagir a alertas de estol.

Questões de negligência e responsabilidade
O juiz do tribunal criminal de Paris mencionou diversos atos de negligência por parte de ambas as empresas, mas concluiu que estes não atingiam o grau de certeza necessário para atribuir responsabilidade pelo desastre aéreo. "Um provável nexo causal não é suficiente para caracterizar um delito", afirmou o magistrado.
O julgamento abordou debates em torno de problemas técnicos nos sistemas de leitura de velocidade, tanto da Airbus quanto da Air France. Esta foi a primeira vez que a França julgou um caso de homicídio involuntário corporativo, com multa máxima de 225 mil euros (aproximadamente R$ 1,21 milhão). As duas empresas se declararam inocentes.
Reação dos familiares das vítimas
A decisão gerou revolta entre os parentes das vítimas, que lutaram durante 13 anos para levar o caso a julgamento. A emoção tomou conta dos familiares presentes na sessão, que choraram e manifestaram indignação com o veredito.
Antes da sentença, a Promotoria da França já havia afirmado que não havia provas suficientes para incriminar a Airbus e a Air France, posição que também causou revolta entre os parentes das vítimas.
Posicionamento das empresas
Em nota, a Air France expressou solidariedade aos familiares das vítimas e ressaltou que a empresa sempre lembrará a memória das vítimas deste terrível acidente. A Airbus também manifestou solidariedade, mas considerou a decisão do tribunal "congruente" em comunicado.