Chuvas em MG deixam 27 mortos e número de desabrigados cresce mais de 400%
Período chuvoso 2024/2025 foi um dos mais severos da década, com recorde de desalojados e cidades em emergência
Por Plox
17/04/2025 08h19 - Atualizado há 7 dias
O mais recente período chuvoso em Minas Gerais, encerrado em 31 de março, deixou um saldo trágico: 27 pessoas morreram em diferentes regiões do estado. A informação foi divulgada nesta quarta-feira (16) pela Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec), destacando os impactos de uma das temporadas mais intensas dos últimos anos.

A última vítima confirmada foi Raphaela Vitória de Oliveira Moura, de 14 anos. A adolescente estava internada desde 24 de março, após ser arrastada por uma enxurrada no Barreiro, em Belo Horizonte. Ela e sua prima Geovanna Emanuelly Rodrigues Souza, de 15, caminhavam juntas em direção ao transporte escolar quando escorregaram e foram levadas por uma correnteza de aproximadamente 50 metros. Raphaela ficou presa sob um caminhão e, apesar de ter sido socorrida, não resistiu após passar mais de cinco minutos submersa.
Segundo dados do governo estadual, entre 1º de outubro de 2024 e o fim de março de 2025, 170 municípios mineiros decretaram situação de emergência e um chegou a declarar estado de calamidade pública devido aos desastres provocados pelas chuvas. O número de mortes neste período supera os registros das temporadas de 2022/2023 e 2020/2021, que contabilizaram 22 óbitos cada. Apenas a temporada de 2019/2020 foi mais grave, com 73 mortes.
Em relação ao número de pessoas desalojadas, o aumento foi alarmante: 9.905 registros em 2024/2025 contra 2.833 no período anterior — crescimento de 249%. Já o número de desabrigados, que precisaram buscar abrigo público, saltou de 399 para 2.064, o que representa um aumento de 417%. Um dos cenários mais críticos foi registrado em Ipatinga, no Vale do Aço. Em 13 de janeiro, 220 moradores ficaram sem casa após fortes chuvas. No Bairro Bethânia, que concentrou seis das dez mortes confirmadas na cidade, choveu 204 milímetros durante a madrugada — o equivalente a todo o volume esperado para o mês. Autoridades descreveram o local como uma verdadeira “zona de guerra”. Santana do Paraíso, cidade vizinha, também sofreu com deslizamentos e registrou uma morte.
No total, o governo mineiro, por meio da Cedec, entregou 157 toneladas em itens de ajuda humanitária — mais de 22 mil unidades. Foram distribuídas 4.311 cestas básicas, 2.838 colchões, 2.796 kits dormitório, 2.416 kits de higiene, 1.632 kits de limpeza e 8.259 itens diversos, como roupas, telhas e lonas.
“Garantimos apoio rápido, em até 24 horas, a todos os municípios que solicitaram ajuda”, afirmou o coordenador estadual da Defesa Civil, coronel Paulo Roberto Rezende. “Durante o período, 100% das cidades que acionaram a Defesa Civil foram atendidas”
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Como parte das medidas emergenciais, o governo de Minas, por meio do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), liberou linhas de crédito para micro e pequenas empresas e para prefeituras de cidades com situação de anormalidade decretada. Em cerca de um mês, 500 empreendedores de 75 municípios acessaram R$ 50 milhões em recursos.
Além disso, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Minas Gerais (Crea-MG) colaborou com vistorias técnicas realizadas por profissionais voluntários. Outra frente de apoio importante foi a campanha SOS Águas 24/25, promovida pelo Serviço Social Autônomo (Servas), que mobilizou a sociedade civil em doações financeiras e materiais para atender diretamente famílias em situação de vulnerabilidade. A campanha teve foco especial nas áreas mais atingidas pelas chuvas, levando alívio e suporte imediato a milhares de mineiros.