Casas em áreas de risco no RJ somam mais de 1 milhão, alerta relatório

Levantamento revela que uma em cada cinco residências na Região Metropolitana do Rio está em zona vulnerável

Por Plox

17/05/2024 15h44 - Atualizado há 11 meses

As mudanças climáticas e a falta de medidas públicas deixam em alerta as pessoas que vivem em áreas de risco. No estado do Rio de Janeiro, mais de 1 milhão de casas estão em regiões suscetíveis a enchentes e deslizamentos, segundo um relatório da Associação Casa Fluminense. O levantamento aponta que 1 a cada 5 domicílios da Região Metropolitana do Rio encontra-se em áreas de risco.

Foto: Reprodução de vídeo

Em Magé, na Baixada Fluminense, moradores convivem com o medo de novas chuvas, tendo já perdido muito em alagamentos anteriores. A ambulante Maria Vieira dos Santos relata ter perdido diversos móveis. "Já perdi guarda-roupa, colchão, cama do meu filho, do meu outro neto que eu crio, só não perdi do meu filho que é um pouquinho alta, entendeu? Mas toda vez que chove alaga", disse Maria, que tem um filho com deficiência e enfrenta dificuldades para se mudar devido aos custos.

 

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Situação crítica em Magé

Na Região Metropolitana do Rio, Magé destaca-se como o município com maior número de casas em áreas de inundações. O relatório da Associação Casa Fluminense revela que 73 mil casas, correspondendo a 66% dos endereços da cidade, estão em áreas de risco. No bairro Bongaba, todas as 136 casas alagam quando chove forte. "Ah, fica uns quatro dias, cinco dias até baixar. [Já perdi] muita coisa, perdi porque como trabalho lá pra baixo eu ganho e vou reformando", relatou a cuidadora Daiana Cristina da Silva.

O bairro, erguido há uma década numa área pantanosa entre os rios Tibira e Caioaba, carece de infraestrutura básica, incluindo rede de esgoto. "Esgoto a céu aberto, precisamos muito de saneamento básico", disse um morador. O relatório também aponta que 1 a cada 5 domicílios da Região Metropolitana do Rio está em áreas de risco de inundações, o equivalente a pouco mais de 1 milhão de endereços, com a maioria concentrada no Rio e Grande Rio.

Dados indicam que a falta de planejamento e a negligência do poder público impactam diretamente a vida da população. Entre 2020 e 2023, 140 pessoas morreram e 690 ficaram feridas em eventos relacionados a chuvas e deslizamentos no estado. Além disso, 95 mil casas foram danificadas e quase 900 destruídas, gerando um prejuízo de quase R$ 1 bilhão para as famílias afetadas e de quase R$ 500 milhões para os cofres públicos.

 

Reclamações e respostas

Moradores do Bongaba criticam o descaso das autoridades. A prefeitura de Magé anunciou uma festa pelo aniversário da cidade no próximo mês, com shows de artistas famosos na Arena Magé, próxima ao bairro carente. "Isso é vida? Não é né? Que aniversário de Magé? A gente que mora a mais ou menos cem metros passando por esse tipo de coisa?", questionou uma moradora. Outra moradora afirmou: "Eles prometem as coisas, como vai ter o evento, gastam milhões e não vem ajudar a olhar por nós aqui, entendeu?"

Em resposta, o governo afirmou que desde 2021 já investiu mais de R$ 4 bilhões em obras de infraestrutura em todo o estado. A Prefeitura de Magé declarou estar trabalhando na prevenção de enchentes, com a dragagem e limpeza de mais de 15 rios e canais, e que sempre divulga alertas de chuva para a população. Sobre a festa de aniversário, a prefeitura disse que o valor gasto justifica o retorno em turismo, geração de empregos e renda, mas não especificou o montante investido na comemoração.

 

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