Baixa alfabetização limita acesso digital e exclui milhões no Brasil

Estudo do Inaf revela que domínio da leitura e escrita influencia diretamente no desempenho digital dos brasileiros

Por Plox

17/05/2025 09h52 - Atualizado há 3 dias

A mais recente edição do Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf) trouxe pela primeira vez uma análise detalhada sobre como os níveis de alfabetização interferem diretamente na capacidade dos brasileiros de se inserirem no mundo digital.


Imagem Foto: Pixabay


Com base na realização de tarefas digitais simples — como efetuar uma compra online a partir de um anúncio em rede social ou se inscrever em um evento via formulário — o estudo classificou os participantes em três níveis de alfabetização digital: baixo, médio e alto. O levantamento revelou que quem possui maior domínio da leitura e escrita consegue interagir melhor com tecnologias do dia a dia, como serviços públicos, mensagens e compras pela internet.



Entre os brasileiros com alfabetização proficiente, 60% demonstraram alto nível de habilidades digitais. Já os que têm alfabetização elementar se concentram no nível médio, com 67% nessa categoria e apenas 17% afirmando que o digital facilita suas rotinas. A situação é crítica entre os analfabetos funcionais: 95% apresentaram baixo desempenho em tarefas digitais, enfrentando obstáculos até mesmo para utilizar o celular ou computador em ações básicas.



Esmeralda Macana, coordenadora do Observatório da Fundação Itaú, enfatiza a urgência de ampliar a formação digital como meio de garantir igualdade no acesso às tecnologias. Ela aponta que o uso de ferramentas como Pix, marcação de consultas e solicitação de benefícios exige preparo, e a ausência de habilidades digitais contribui para a exclusão social.


Apesar dos desafios, a juventude se destaca positivamente: 38% dos jovens entre 20 e 29 anos atingiram o nível alto de alfabetismo digital, e entre os adolescentes de 15 a 19 anos, o índice foi de 31%. Ainda assim, Roberto Catelli, da Ação Educativa, adverte que a inclusão digital não deve ser dissociada das desigualdades estruturais na educação. Segundo ele, pessoas com baixa escolaridade continuam sendo as mais prejudicadas no acesso e uso de tecnologias.


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