Condenado e cassado, Eduardo Cunha investe em Minas para voltar à Câmara dos Deputados
Ex-presidente da Câmara, envolvido em escândalos de corrupção, aposta em igrejas, futebol e agronegócio no Triângulo Mineiro para retomar carreira política em 2026
Por Plox
17/05/2025 08h32 - Atualizado há 1 dia
Aos 67 anos, Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara dos Deputados e figura central no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, traça seu caminho de volta à política nacional. Desta vez, tenta um mandato por Minas Gerais, onde tem investido em diversos segmentos para construir sua base eleitoral no Triângulo Mineiro.

Escolhendo Uberaba como principal reduto, Cunha assumiu o patrocínio do Uberaba Sport Club, que disputa a segunda divisão do Campeonato Mineiro. Em paralelo, ele fundou a Rádio Maravilha na cidade, prometendo transmitir os jogos do clube e reforçando sua presença junto à população local.
A estratégia do político fluminense inclui ainda forte atuação no agronegócio. Ele participou da abertura da Expozebu, tradicional feira de gado, onde se reuniu com nomes de peso do setor, como os governadores Romeu Zema, Ronaldo Caiado e Ratinho Jr., além do deputado Arthur Lira. Em fevereiro, marcou presença em um leilão de gado ao lado de figuras como Ibaneis Rocha e Felipe Picciani.
Eduardo Cunha também tem investido em rádios evangélicas no interior mineiro. Ele adquiriu a antiga Agora FM, que passou a se chamar Rádio Maravilha, mesmo nome de sua emissora no Rio. Além disso, tem contado com o apoio do apóstolo Valdemiro Santiago, da Igreja Mundial do Poder de Deus, que chegou a elogiar publicamente Cunha durante um culto em Araxá.
Embora sua base eleitoral esteja no interior, Cunha fixou residência em Belo Horizonte, mais especificamente na Savassi, onde montou um escritório político. Filiado ao Republicanos, ele tentou se aproximar do Partido Liberal (PL), mas teve sua filiação rejeitada por lideranças da legenda, que veem sua imagem como prejudicial, mesmo diante da amizade com Valdemar da Costa Neto.
A resistência à candidatura também foi vocalizada pelo senador Cleitinho Azevedo, do mesmo Republicanos, que chegou a se manifestar contra a possível candidatura de Cunha, em discurso inflamado no Senado. Apesar disso, partidos do Centrão ainda demonstram interesse em sua eventual filiação, especialmente pela capacidade de atrair votos do eleitorado evangélico.
Cunha ainda exerce influência no Congresso por meio da filha, a deputada federal Dani Cunha (União Brasil-RJ). Ela tem sido uma das articuladoras de medidas como o aumento no número de deputados, com apoio logístico e político do pai. As rádios abertas em Minas estão em nome de seu marido, Daniel Cardoso Sá, genro de Cunha.
O ex-deputado também mantém forte ligação com Hugo Motta (Republicanos-PB), atual presidente da Câmara dos Deputados, a quem apadrinhou politicamente. Cunha foi responsável por impulsionar Motta à presidência da CPI da Petrobras e, posteriormente, à liderança do PMDB, consolidando uma aliança de longa data.
Com histórico político marcado por escândalos, Cunha foi condenado a mais de 15 anos de prisão por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão de divisas, após investigações da Lava Jato. Chegou a ser preso preventivamente em 2016, mas em 2023 teve uma das sentenças anuladas pelo STF sob o argumento de que o caso caberia à Justiça Eleitoral.
Mesmo com a anulação parcial da condenação, ele segue respondendo a processos na Justiça Eleitoral do Rio. Ainda inelegível até o fim de 2026, Cunha aposta em articulações, influência política e nichos como o evangélico para pavimentar sua tentativa de retorno à Câmara dos Deputados por Minas Gerais.