Corte de verbas limita abastecimento de viaturas da Polícia Civil em Minas
Policiais denunciam que racionamento de combustível já afeta diligências e investigações no estado
Por Plox
17/05/2025 10h35 - Atualizado há cerca de 21 horas
O abastecimento das viaturas da Polícia Civil de Minas Gerais passou a enfrentar restrições severas após um corte orçamentário de R$ 1,1 bilhão anunciado pelo governo estadual, comandado por Romeu Zema (Novo). A nova medida imposta pela administração limita o número de vezes que cada viatura pode ser abastecida por mês, gerando sérios impactos na atuação investigativa da corporação.

A justificativa oficial apresentada pelo governo é a de evitar uma possível 'calamidade financeira'. No entanto, o Sindicato dos Servidores da Polícia Civil de Minas Gerais (Sindipol) afirma que as investigações estão sendo comprometidas de forma direta. Segundo o presidente do sindicato, Wemerson Oliveira, o limite já impediu diligências importantes que exigiam deslocamento para o interior do estado e até mesmo para outros estados.
As determinações comunicadas internamente aos agentes indicam que todas as viaturas com motorização flex devem usar exclusivamente etanol. Além disso, o abastecimento só pode ocorrer em postos credenciados. As viaturas descaracterizadas, aquelas sem cela, podem ser abastecidas até cinco vezes por mês com etanol e quatro com gasolina ou diesel. Já os veículos caracterizados estão autorizados a utilizar etanol quatro vezes e gasolina ou diesel até três vezes por mês.
Outro ponto de destaque nas recomendações repassadas aos policiais é a orientação para uma condução mais econômica. Os agentes foram instruídos a utilizar as marchas corretamente para reduzir o consumo e evitar o uso de ar-condicionado, exceto em viagens mais longas e com os vidros fechados.
\"Temos várias diligências que começam em Belo Horizonte e seguem para cidades do interior ou até mesmo para outros Estados. Com a nova determinação, a investigação vai até onde a cota permite. Quando acaba, não tem mais como continuar\"
, relatou Wemerson Oliveira, que também preside a Federação Sudeste dos Policiais Civis. Ele afirmou ainda que já houve caso de policial que precisou arcar com combustível do próprio bolso para conseguir retornar de uma operação.
O bloqueio automático dos cartões de abastecimento ao atingir o limite mensal reforça ainda mais o desafio imposto aos profissionais da segurança pública. Oliveira destaca que, além de já enfrentarem baixos salários, os servidores agora precisam lidar com a limitação estrutural imposta pela falta de recursos. Ele enfatizou que a sociedade como um todo é afetada pela restrição, já que sem investigação adequada, a criminalidade tende a crescer.
Em resposta, a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) declarou que o abastecimento das viaturas segue ocorrendo de forma regular e dentro dos parâmetros necessários para garantir a continuidade dos serviços de polícia judiciária e investigativa em todo o estado.
A corporação também confirmou que está seguindo as determinações da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag), que, além da contenção orçamentária, adota medidas voltadas à preservação ambiental. Por isso, foi estipulado o uso de etanol nas viaturas com motor flex, conforme definido no Aviso nº 10/Diretoria de Transportes/SPGF/2025, emitido no final de abril deste ano.