"A luta silenciosa contra a incontinência: o medo e a vergonha dificultam diagnóstico e tratamento"

A incontinência, uma condição que pode afetar qualquer pessoa em qualquer fase da vida, independente do gênero, está subdiagnosticada em aproximadamente 90% dos casos. Esta é a informação que a Medtronic, empresa tecnológica de saúde, veio a público esclarecer. Esta patologia, que pode ser tanto urinária como fecal, impacta a vida de 420 milhões de pessoas globalmente.

A batalha silenciosa

O medo e a vergonha impedem que a maioria dos portadores de incontinência procure auxílio médico, o que resulta em um subdiagnóstico. A incontinência traz consigo um forte peso emocional para os pacientes, sendo o medo, depressão e ansiedade apenas alguns dos efeitos colaterais que muitos acabam enfrentando. De acordo com estimativas, cerca de 40% dos pacientes sofrem de distúrbios psiquiátricos ou problemas de saúde mental.

Ricardo Pereira e Silva, urologista do Hospital Santa Maria, no Centro Hospitalar e Universitário Lisboa Norte, salienta a importância do diagnóstico e tratamento adequados. Segundo o profissional, "a incontinência é uma patologia com um elevado impacto na vida dos doentes", e o estigma social que envolve essa condição acaba por silenciar muitos deles, o que dificulta a identificação e tratamento da doença.

Alívio para a "mochila mais pesada"

Com o objetivo de derrubar o estigma associado à incontinência e incentivar os pacientes a buscar especialistas, a Medtronic, em parceria com o Movimento Pela Continência e Disfunção Pélvica, iniciou a campanha de conscientização 'A Mochila Mais Pesada'. Joana Oliveira, presidente do movimento, ilustra a batalha diária desses pacientes: "Quando uma pessoa é diagnosticada com incontinência, a sua vida muda por completo. Muitos de nós, que vivemos com esta doença, carregamos uma mochila cheia de medos, vergonha e inseguranças".

A campanha busca não só oferecer informações e opções de tratamento aos pacientes, mas também conscientizar a sociedade sobre a necessidade de maior empatia e sensibilidade para com aqueles que convivem com essa condição.

Apelo contra o preconceito

Embora a incontinência fecal seja frequentemente associada às mulheres ou aos idosos, ela pode afetar qualquer indivíduo, independentemente do gênero ou da idade. Portanto, o Movimento Pela Continência e Disfunção Pélvica faz um apelo para que as pessoas evitem estigmatizar quem vive com esta condição de saúde.

É fundamental que a população reconheça e respeite a luta desses indivíduos, além de contribuir para a disseminação de informação correta e empática sobre a doença, ajudando assim a quebrar barreiras do preconceito.

Importância do diagnóstico e tratamento

A busca por auxílio médico é crucial para o controle da incontinência. Apesar do medo e vergonha que muitos sentem, a busca por ajuda profissional pode resultar em uma melhora significativa na qualidade de vida dos pacientes. O Dr. Ricardo Pereira e Silva reforça esse ponto ao destacar a variedade de opções terapêuticas disponíveis atualmente.

Ele também ressalta que a incontinência, embora seja uma patologia "invisível", tem um impacto considerável na sociedade. O médico reforça que o diagnóstico e tratamento da incontinência são fundamentais para aliviar o sofrimento dos pacientes e mitigar o impacto na sociedade.

Conclusão

A campanha 'A Mochila Mais Pesada' é um importante passo em direção à sensibilização sobre a incontinência, uma patologia que afeta milhões de pessoas ao redor do mundo e ainda é pouco falada. A quebra do estigma e a conscientização da população são passos fundamentais para garantir o diagnóstico precoce e o tratamento adequado para todos aqueles que sofrem com essa condição. E cabe a todos nós contribuir para aliviar o peso da "mochila" que esses pacientes carregam diariamente.