José Dirceu afirma que governo Lula se apoia em base de centro-direita

Durante uma entrevista concedida à GloboNews nesta terça-feira (17), José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil, voltou a sustentar a ideia de que a sustentação política do governo Lula (PT) se dá por uma base predominantemente de centro-direita. Segundo ele, essa composição é um reflexo das mudanças no cenário eleitoral brasileiro desde 2014, quando, nas palavras do próprio Dirceu, a esquerda começou a perder força no país.

Foto: Agência Senado

Dirceu relembrou que entre 2013 e 2019, o ambiente político foi extremamente desfavorável ao campo progressista, citando o impedimento de Dilma Rousseff, o movimento “Lula Livre”, a pandemia da Covid-19 e o próprio processo eleitoral que culminou com o retorno de Lula à Presidência. Segundo ele, esses fatores levaram à formação de uma frente ampla, que incluiu nomes como o de Geraldo Alckmin, para que fosse possível derrotar o bolsonarismo nas urnas.

\"Todos se lembram que eu disse que era um governo de base de centro-direita. É a realidade eleitoral. Vamos lembrar que de 2013 a 2019, nós estivemos praticamente interditados de fazer política neste país\"

Na entrevista, Dirceu ainda enfatizou que a vitória de Lula não representou exatamente uma vitória da esquerda, mas sim uma resposta contrária ao bolsonarismo. Ele avaliou que a conjuntura política obrigou o Partido dos Trabalhadores a compor alianças com setores mais ao centro do espectro político para viabilizar a eleição e garantir a governabilidade.

Essa não é a primeira vez que o ex-ministro se manifesta nesse sentido. Em abril deste ano, ele já havia dito que há incômodo dentro do próprio PT quando declara que o atual governo não é de centro-esquerda, mas sim de centro-direita, algo que, segundo ele, é resultado das exigências do contexto histórico e político do país.

Com a fala, Dirceu reacende o debate interno no PT sobre os rumos do governo e os limites das alianças necessárias em um ambiente político polarizado.

As declarações repercutem em meio a discussões sobre o futuro das alianças políticas do governo e as estratégias eleitorais para os próximos anos.