Justiça solta ex-chefe da Polícia Civil do RJ após menos de um mês preso
Allan Turnowski deixou a cadeia nesta terça (17) após decisão judicial; ele responde por organização criminosa
Por Plox
17/06/2025 16h00 - Atualizado há 1 dia
O ex-secretário da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Allan Turnowski, foi liberado da prisão nesta terça-feira (17), pouco antes das 15h, após uma decisão do desembargador Marcius da Costa Ferreira, da Sétima Câmara Criminal. A medida judicial leva em conta a conduta colaborativa do delegado e a inexistência de ameaça à ordem pública que justificasse sua permanência na prisão.
Com a decisão favorável no habeas corpus, Turnowski deverá cumprir medidas cautelares, como a entrega de seu passaporte à Justiça, a proibição de sair do país, o impedimento de entrar em dependências da Polícia Civil ou da Secretaria de Segurança Pública, além de estar proibido de manter contato com outros denunciados do processo.
Réu por organização criminosa, Turnowski é acusado de envolvimento com contraventores do jogo do bicho, supostamente recebendo propina e colaborando com ações ilegais. Ele foi preso inicialmente em maio deste ano, por determinação do Tribunal de Justiça do estado, após decisão restabelecida pela 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal.
O histórico de Turnowski com a Justiça inclui uma prisão anterior, em setembro de 2022, durante investigação do Ministério Público sobre o delegado Maurício Demétrio. Este último está preso desde 2021 e responde por corrupção e obstrução de justiça. As apurações indicam que Turnowski atuava em benefício de nomes como Rogério de Andrade e Fernando Iggnácio, morto em novembro de 2020.
Durante as investigações, foram encontrados diálogos entre Turnowski e Demétrio, que demonstram proximidade e articulação. Em um deles, Turnowski pede ajuda ao colega dizendo: \"Nós somos um CNPJ, um CPF só! Irmãos de embrião!\".
A denúncia do Ministério Público sustenta que os dois teriam arquitetado estratégias para ascender a cargos altos na corporação, protegendo aliados, recebendo propinas e monitorando possíveis investigações que pudessem atingi-los.
Turnowski ocupou o cargo de chefe da Polícia Civil entre 2010 e 2011, retornando em 2020 ao comando da pasta, agora transformada em secretaria. Sob sua gestão, foi criada uma força-tarefa contra milícias, resultando em mais de 1,2 mil prisões até março de 2022. Ele também liderou reformas em delegacias e instalou a sede da Inteligência da Polícia Civil no Centro do Rio.
Entretanto, sua administração foi marcada por polêmicas, como a operação no Jacarezinho, em maio de 2021, que deixou 28 mortos. Mesmo diante da restrição do STF a operações durante a pandemia, a frequência dessas ações cresceu sob sua chefia. Turnowski sempre defendeu a legalidade das intervenções.