Vereador de Campinas é investigado por suposta exposição de pacientes durante fiscalização
Vini Oliveira prestou depoimento à Comissão Processante e negou acusações de quebra de sigilo e conduta imprópria no Hospital Mário Gatti
Por Plox
17/06/2025 16h02 - Atualizado há cerca de 8 horas
Durante depoimento prestado nesta terça-feira (17) à Comissão Processante da Câmara de Campinas, o vereador Vini Oliveira (Cidadania) buscou se defender das acusações que envolvem sua conduta durante uma fiscalização no Hospital Municipal Doutor Mário Gatti, realizada em 1º de janeiro deste ano.

A denúncia que deu origem à investigação foi feita pela médica Daiane Copercini, que atua na rede municipal. Ela afirmou que Oliveira filmou pacientes e profissionais de saúde sem permissão, além de acusá-la e outra médica de receberem salário sem estarem trabalhando, chamando tal prática de “estelionato”.
Durante o depoimento, Vini afirmou que sua relação com os profissionais presentes foi cordial e se desculpou com Daiane, que estava na sessão, caso tenha se sentido ofendida. Disse ainda que seu objetivo era verificar se a escala médica estava sendo cumprida, especialmente ao notar que três médicas haviam saído para jantar simultaneamente.
O parlamentar alegou que em nenhum momento invadiu consultórios ou expôs a identidade de profissionais e pacientes nas imagens, que foram publicadas em suas redes sociais e posteriormente removidas por decisão judicial. Ele defendeu a divulgação como prestação de contas à população, destacando que estava no exercício legítimo de sua função fiscalizadora.
Daiane, por sua vez, declarou em depoimento anterior que realizou diversos exames ginecológicos no dia da fiscalização e que, com as portas dos consultórios abertas por Vini, houve risco de exposição dos pacientes, além da interrupção dos atendimentos. Ela também mencionou que o vereador dificultou o trajeto entre o consultório e o local onde eram coletadas as fichas de atendimento.
Durante a oitiva, Vini reafirmou que sua intenção era verificar se os médicos escalados estavam de fato atuando. Citou como exemplo uma profissional que chegou ao hospital 40 minutos após o início da fiscalização e apresentou mensagens no celular e bilhetes de ônibus como justificativa.
“Estava no meu primeiro dia de mandato e queria mostrar serviço. Talvez agisse de outra forma hoje, mas na época entendi que estava cumprindo meu papel”, declarou. O vereador também negou ter feito qualquer acusação direta de estelionato, apenas mencionando que, caso alguém estivesse recebendo sem trabalhar, isso poderia configurar o crime.
A Comissão Processante, presidida por Mariana Conti (PSOL) e composta pelos vereadores Nelson Hossri (PSD), relator, e Nick Schneider (PL), ainda deve elaborar um relatório final após todas as oitivas. O documento pode recomendar o arquivamento do processo ou a cassação do mandato. Para que a cassação seja aprovada, será necessário o voto de pelo menos dois terços dos 33 vereadores da Câmara.
O prazo para a conclusão da investigação é de 90 dias, podendo ser prorrogado conforme a necessidade do processo.