Brasil volta à lista dos países com mais crianças não vacinadas
Relatório da OMS e Unicef mostra que 229 mil crianças brasileiras ficaram sem a 1ª dose da DTP em 2024
Por Plox
17/07/2025 10h11 - Atualizado há 3 dias
Um alerta global sobre a imunização infantil trouxe o Brasil de volta a um ranking indesejado. Segundo relatório publicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Unicef com base nos dados de 2024, o país voltou a figurar entre os 20 com maior número de crianças não vacinadas no mundo. Após uma breve melhora registrada no ano anterior, o Brasil caiu novamente de desempenho e ocupa agora a 17ª posição nesse ranking preocupante.

De acordo com o levantamento, 229 mil crianças brasileiras não receberam sequer a primeira dose da vacina DTP, conhecida localmente como parte da pentavalente, aplicada pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI). Essa vacina é responsável por proteger contra difteria, tétano e coqueluche. O número representa mais que o dobro dos registros de 2023, quando 103 mil crianças estavam nessa condição.
A ausência da primeira aplicação classifica os menores como “zero dose” — um termo usado para identificar crianças que não foram incluídas em nenhum ciclo de vacinação básica. A DTP é considerada pela OMS um dos principais indicadores globais de acesso à imunização. No continente latino-americano, o México lidera com 341 mil casos, superando o Brasil em números absolutos.
No ranking mundial, o Brasil aparece atrás de países como Mianmar, Camarões e Costa do Marfim. Globalmente, o relatório aponta que 89% das crianças receberam ao menos uma dose da DTP em 2024, o que representa cerca de 115 milhões de crianças. Já 85% completaram o esquema vacinal com as três doses — um avanço de 1 milhão em relação ao ano anterior.
Mesmo com esses progressos em algumas regiões, o cenário geral ainda é preocupante: 14,3 milhões de crianças seguem sem nenhuma dose de vacina no mundo, enquanto outras 5,7 milhões foram parcialmente imunizadas. O relatório ainda alerta que nenhuma das 17 vacinas monitoradas globalmente atingiu a meta de 90% de cobertura — o mínimo recomendado pelas autoridades de saúde para garantir proteção coletiva.
Entre os principais fatores que contribuem para as falhas na imunização infantil estão a dificuldade de acesso a serviços de saúde, desigualdades regionais, conflitos armados, instabilidade política e o avanço da desinformação sobre vacinas, que continua a comprometer os esforços globais de proteção à infância.