Silvio Santos, de camelô a ícone da TV brasileira; veja a trajétória do menino pobre
O apresentador e empresário, que construiu um império de comunicação, marcou gerações com seu carisma e programas de auditório
Por Plox
17/08/2024 10h33 - Atualizado há 9 meses
Silvio Santos, nome artístico de Senor Abravanel, faleceu neste sábado, aos 93 anos. A notícia foi confirmada pelo SBT, emissora que ele próprio fundou e dirigiu por mais de quatro décadas.

O apresentador é reconhecido como um dos maiores nomes da televisão brasileira e responsável por transformar a mídia no país. Sua trajetória de vida, que começou de forma humilde nas ruas do Rio de Janeiro, culminou na criação de um império midiático que inclui o SBT e diversas empresas do Grupo Silvio Santos, como o icônico Baú da Felicidade.
Ascensão na carreira: do rádio à televisão

Silvio Santos nasceu em 12 de dezembro de 1930, no Rio de Janeiro, filho de imigrantes gregos. Sua infância foi marcada por dificuldades financeiras, mas desde jovem ele demonstrou talento para o comércio, começando como camelô. Foi nessa época que ele descobriu o poder da comunicação. Ao ser abordado por um fiscal que pretendia puni-lo por vender mercadorias ilegalmente, Silvio foi encaminhado para uma rádio, onde participou de um concurso de locutores e venceu, dando início à sua carreira no rádio.
Sua entrada na televisão ocorreu em 1961, com o programa Vamos Brincar de Forca na TV Paulista. O sucesso foi tão grande que Silvio Santos logo alugou um horário aos domingos para o Programa Silvio Santos, que se tornaria um dos programas mais longevos da TV brasileira. Em 1975, após esforços junto ao governo, Silvio conquistou seu próprio canal, a TVS (TV Studios Silvio Santos Ltda.), que em 1981 se tornaria o SBT, o Sistema Brasileiro de Televisão, consolidando seu império.
Inovações e bordões que marcaram a história
Silvio Santos se destacou por sua capacidade de inovar e por criar bordões que se tornaram parte do vocabulário popular brasileiro, como “Quem quer dinheiro?” e “É namoro ou amizade?”. Seus programas de auditório, como Show do Milhão, Em Nome do Amor, Porta da Esperança e Topa Tudo por Dinheiro, marcaram gerações e contribuíram para definir o entretenimento televisivo no Brasil.
O Baú da Felicidade e a expansão dos negócios

O Baú da Felicidade, uma das empresas mais emblemáticas de Silvio Santos, teve origem em uma parceria com Manoel de Nóbrega, um amigo próximo. Inicialmente concebido como um serviço de cestas de Natal, o negócio evoluiu para incluir uma variedade de produtos domésticos, consolidando-se como uma das marcas mais populares do Brasil. Silvio assumiu o controle total da empresa, demonstrando seu faro empreendedor e sua capacidade de transformar negócios em sucesso.
Polêmicas e desafios enfrentados
A vida de Silvio Santos também foi marcada por controvérsias e desafios. Entre os episódios mais notórios está sua tentativa frustrada de candidatura à presidência em 1989, quando sua campanha foi barrada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Além disso, ele enfrentou problemas de saúde a partir dos 60 anos, com cirurgias no coração, joelho e próstata, além de um tratamento contra um tumor na pálpebra.

O empresário também se envolveu em diversas polêmicas, como a acusação de uso de trabalho escravo em uma fazenda no Mato Grosso, comprada durante o regime militar, e o rombo no Banco Panamericano, que levou Silvio a colocar seu patrimônio pessoal como garantia de um empréstimo de R$ 2,5 bilhões.
Vida pessoal e legado familiar
Silvio Santos foi casado duas vezes. Seu primeiro casamento foi com Maria Aparecida Vieira Abravanel, conhecida como Cidinha, que faleceu precocemente devido a um câncer. Posteriormente, ele se casou com Íris Abravanel, com quem teve seis filhas: Cintia, Silvia, Daniela, Patrícia, Rebeca e Renata. À exceção de Daniela, que usa o sobrenome Beyruti, todas são conhecidas pelo sobrenome do pai, Abravanel. Algumas de suas filhas seguiram os passos do pai e se tornaram apresentadoras no SBT, como Patrícia, Silvia e Rebeca Abravanel.
O sequestro de 2001 e a coragem de um ícone
Em 2001, Silvio Santos enfrentou um dos momentos mais difíceis de sua vida quando sua filha Patrícia foi sequestrada. Após o pagamento do resgate, ela foi liberada, mas o criminoso Fernando Dutra Pinto, conseguiu invadir a casa de Silvio no dia seguinte, mantendo-o como refém. O sequestro só terminou após a intervenção direta do então governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. Este episódio trágico, amplamente coberto pela mídia, mostrou a resiliência e a força de Silvio Santos em face da adversidade.
Impacto e influência na televisão brasileira
Silvio Santos não foi apenas um apresentador; ele moldou o entretenimento televisivo no Brasil. Seu impacto na cultura popular é imensurável, e sua presença nas tardes de domingo se tornou uma tradição para milhões de brasileiros. O SBT, sob sua liderança, foi responsável por lançar grandes nomes da TV e por consolidar formatos de programas que são reverenciados até hoje.
O último adeus a um gigante da comunicação
A morte de Silvio Santos marca o fim de uma era na televisão brasileira. Seu legado, no entanto, continua vivo através do SBT, de suas filhas e de todos aqueles que foram influenciados por sua visão e carisma. Silvio Santos deixa uma história repleta de realizações e uma marca indelével na história da comunicação no Brasil.