Filha de fotógrafo desabafa após demissão de Alex Silva no Estadão

A recente demissão do fotógrafo Alex Silva, que trabalhou por 23 anos no jornal O Estado de S. Paulo, ainda gera repercussão. A saída do profissional aconteceu no dia 7 de agosto, poucos dias depois de ele registrar uma cena polêmica envolvendo o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, durante a partida entre Corinthians e Palmeiras, válida pelas oitavas de final da Copa do Brasil, no dia 30 de julho.

Foto: STF

Na ocasião, Moraes foi flagrado fazendo um gesto obsceno em um dos camarotes da Neo Química Arena. Alex Silva conseguiu três fotogramas do momento e enviou as imagens para o Estadão, que as publicou em destaque na home de seu site, mantendo-as durante todo o dia seguinte. Apesar disso, a capa do jornal não trouxe a foto, diferentemente da Folha de S. Paulo, que a estampou no dia seguinte. O registro também foi comercializado com outros veículos, incluindo a CNN.

Após a divulgação da imagem, o nome do fotógrafo passou a ser associado à polêmica. No entanto, foi sua filha, Lara Prado, quem trouxe novos desdobramentos ao caso. Em um vídeo publicado no Instagram, dentro de um carro, ela disse que iria contar "toda a história". Lara afirmou que seu pai foi escalado justamente para encontrar Alexandre de Moraes no estádio e relatou que, após o clique, a sequência de fatos culminou na dispensa.

“Após uma semana da foto, meu pai foi chamado na sede do Estadão e informado que seria desligado por motivos administrativos, sem mais justificativas”

, afirmou. Ela ainda destacou os 35 anos de carreira do pai como fotógrafo, sendo 23 deles dedicados ao jornal. Em tom de indignação, questionou: “Você acredita nessa justificativa ou não?”.

O Estadão, por sua vez, negou qualquer relação entre a dispensa e a imagem do ministro. Em nota enviada à CNN, o jornal ressaltou que a decisão já estava prevista como parte de uma redução de quadros na editoria de Fotografia. A empresa afirmou que a foto de Moraes teve "relevante valor jornalístico" e que foi amplamente utilizada tanto no site quanto na edição impressa, além de ter sido vendida para diversos veículos.

Segundo o comunicado,

“O Estadão jamais abrirá mão de seu compromisso histórico com a liberdade de expressão e os mais altos padrões de independência editorial”

Com o desabafo da filha e a justificativa do veículo, o episódio segue repercutindo, levantando debates sobre possíveis pressões externas e a relação entre cobertura jornalística e liberdade editorial.