Zelensky pode ceder territórios em troca de acordo de paz

Presidente da Ucrânia sinaliza pela primeira vez possibilidade de usar áreas ocupadas como ponto de partida para acordo com a Rússia

Por Plox

17/08/2025 12h13 - Atualizado há 1 dia

Durante um encontro em Bruxelas com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, neste domingo (17), o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, admitiu pela primeira vez a possibilidade de abrir negociações com a Rússia usando como referência a atual linha de frente do conflito.


Imagem Foto: Reprodução


Zelensky afirmou que \"precisamos de negociações reais, o que significa que podemos começar por onde está a linha de frente agora\", sinalizando um abrandamento da postura que, até então, exigia a retomada de todos os territórios ocupados por Moscou.


A fala de Zelensky surge em um momento delicado para a diplomacia ucraniana, dois dias após a reunião entre o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente russo, Vladimir Putin, no Alasca. Embora o encontro tenha terminado sem um acordo formal de cessar-fogo, Trump indicou estar aberto a um pacto que poderia incluir concessões territoriais, uma proposta que encontra eco no Kremlin.



Em meio a esse cenário de incertezas, Zelensky partiu para a sede da União Europeia em busca de reforçar o apoio dos aliados ocidentais, temendo um enfraquecimento político provocado pelas recentes declarações de Trump. O ex-presidente americano tem defendido abertamente a ideia de um "acordo de paz permanente", que, segundo ele, poderia envolver trocas de território — o que representa um alinhamento com a visão russa da resolução do conflito.


Atualmente, a Rússia mantém controle sobre aproximadamente 400 km² em áreas das regiões de Sumi e Kharkiv, no norte da Ucrânia, além de dominar amplamente as províncias de Donetsk, Lugansk, Zaporíjia e Kherson. A Crimeia, anexada por Moscou em 2014, permanece inegociável segundo o governo russo.



Mesmo sob avanço russo, cerca de 6.600 km² da região de Donetsk seguem sob controle de Kiev. Especialistas apontam que uma proposta de acordo poderia incluir a cessão integral de Donetsk à Rússia, em troca da devolução de áreas periféricas menos estratégicas em Sumi e Kharkiv. Já Lugansk está sob domínio total russo, e tanto Zaporíjia quanto Kherson poderiam ser parcialmente divididas ou mantidas no estado atual, consolidando uma nova linha de fronteira de fato.


"Estamos falando de uma pausa no conflito, não de rendição", pontuou Zelensky, reforçando que qualquer negociação deve ser entendida como etapa inicial de um processo de paz, e não como concessão definitiva

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A expectativa agora gira em torno da próxima etapa da agenda diplomática: a visita de Zelensky e von der Leyen a Washington, marcada para esta segunda-feira (18). O objetivo é articular uma frente comum com os Estados Unidos e impedir um eventual acordo bilateral entre Trump e Putin que possa marginalizar ainda mais a posição ucraniana na mesa de negociações.



A sinalização de abertura por parte de Kiev representa uma mudança significativa na trajetória do conflito e inaugura uma nova fase nas discussões sobre o futuro da guerra entre Ucrânia e Rússia.


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