Desinformação amplificada pelas redes sociais desafia a confiança nas vacinas e impacta os esforços do Programa Nacional de Imunizações
Infodemia e hesitação vacinal: os perigos das fake news no contexto da saúde
Por Plox
17/09/2023 10h55 - Atualizado há mais de 1 ano
No cenário da pandemia da Covid-19, a Organização Mundial da Saúde (OMS) identificou um novo desafio: a infodemia. Esta crise, marcada por uma avalanche de informações de origens variadas, complicou a busca por fontes confiáveis na internet. Segundo Isabela Ballalai, diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), muitos desses conteúdos carecem de embasamento científico e, por vezes, são movidos por interesses comerciais ou políticos. Esse cenário impactou diretamente o Programa Nacional de Imunizações (PNI), especialmente no contexto de desinformação relacionado às vacinas.
Desinformação e hesitação vacinal
Ballalai destaca que a combinação de campanhas de desinformação com uma baixa percepção de risco das doenças pode intensificar a hesitação vacinal, afetando até mesmo profissionais de saúde. Ela afirma: "A maioria que ouve essas informações fica na dúvida. E, na dúvida, prefere não arriscar na recomendação."
Táticas da desinformação
Uma das táticas comuns na disseminação de informações incorretas é o uso de linguagem apelativa. Ballalai descreve que mensagens falsas sobre vacinas frequentemente utilizam um tom alarmante, e podem se valer de imagens de adultos e crianças para construir narrativas inverídicas sobre eventos relacionados à vacinação.
O papel das redes sociais
Pesquisas realizadas pela Sociedade Brasileira de Imunizações em 2019 já sinalizavam a circulação de desinformação. Em um estudo, mais de dois terços (67%) dos entrevistados acreditavam em pelo menos uma das dez afirmações falsas apresentadas. Carlos Eduardo Barros, pesquisador do NetLab/UFRJ, ressalta que a desinformação sobre vacinas é frequentemente impulsionada por interesses políticos e econômicos.
Em busca de soluções
Diante deste cenário de desinformação, Eder Gatti, coordenador do PNI, destaca que a luta contra a desinformação em saúde é agora uma prioridade. "A desinformação é algo que ameaça a nossa democracia, e a ação de combate à desinformação está na saúde de forma piloto", afirma. Reconhecendo a capacidade de profissionais de saúde serem enganados por informações erradas, Barros destaca a importância de instituições como a OMS e o Ministério da Saúde no combate à desinformação.
Conclusão
No atual ambiente digital, em que a disseminação de informações ocorre em um ritmo acelerado, é essencial uma ação coordenada e informada para combater a desinformação e restaurar a confiança nas instituições de saúde e na ciência.