Ex-deputado é preso por liderar esquema bilionário de fraudes ambientais

João Alberto Paixão Lages, ex-parlamentar estadual, é apontado como um dos chefes de rede criminosa que burlava licenças para mineração ilegal em MG

Por Plox

17/09/2025 11h24 - Atualizado há cerca de 8 horas

Uma investigação da Polícia Federal resultou, nesta quarta-feira (17/9), na prisão do ex-deputado estadual João Alberto Paixão Lages. Ele é suspeito de ser um dos líderes de uma organização criminosa que movimentava bilhões por meio de fraudes em processos de licenciamento ambiental e corrupção envolvendo servidores públicos e empresários do setor minerário.


Imagem Foto: Redes sociais


A operação da PF foi deflagrada em diversas regiões de Minas Gerais e incluiu ações na Cidade Administrativa, sede do governo estadual, além de residências de luxo, escritórios de advocacia e mineradoras situadas na região da Serra do Curral. Ao todo, foram cumpridos 79 mandados de busca e apreensão, além de 22 prisões preventivas, afastamentos de servidores públicos e o bloqueio e sequestro de ativos no valor estimado de R$ 1,5 bilhão. Também foi determinada a suspensão das atividades das empresas investigadas.



Lages, que exerceu mandato na Assembleia Legislativa de Minas Gerais entre 2015 e 2016 pelo MDB, é apontado como articulador político do grupo, responsável por manter conexões institucionais e facilitar o andamento de empreendimentos minerários ilegais. Segundo a PF, o grupo teria corrompido agentes públicos de órgãos ambientais e de fiscalização em esferas estadual e federal para obter autorizações irregulares para exploração de minério de ferro.



Essas licenças fraudulentas permitiam a extração de recursos minerais até mesmo em áreas de preservação ambiental e locais tombados, colocando em risco não apenas o meio ambiente, mas também a segurança de comunidades próximas.
\"As consequências desses atos são graves, tanto para o meio ambiente quanto para a população afetada\", destacou um agente da PF envolvido na investigação

.

Além da exploração ilegal, o grupo também é acusado de atuar para dificultar a ação do Estado, monitorando autoridades e interferindo em investigações. As práticas criminosas incluíam ainda a lavagem do dinheiro obtido com as operações ilegais, utilizando empresas de fachada e mecanismos sofisticados para ocultar os lucros.



O lucro estimado gerado pelas atividades ilícitas chega a R$ 1,5 bilhão, e os projetos em andamento vinculados à organização investigada podem ultrapassar o valor de R$ 18 bilhões, segundo dados levantados pela investigação. Entre os envolvidos está Rodrigo Gonçalves Franco, ex-presidente da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), que foi exonerado do cargo apenas quatro dias antes da operação. Ele é acusado de influenciar diretamente processos de licenciamento para beneficiar o grupo.


A reportagem tentou contato com João Alberto Paixão Lages e com representantes do MDB para obter posicionamento, mas ainda não houve retorno. O espaço permanece aberto para manifestações.


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