Ex-diretor da PF é preso por corrupção em órgãos ambientais
Rodrigo Teixeira, que ocupou cargo na gestão Lula, foi detido por suposto envolvimento em esquema bilionário ligado à mineração
Por Plox
17/09/2025 18h25 - Atualizado há cerca de 1 hora
Rodrigo de Melo Teixeira, que já esteve entre os principais nomes da Polícia Federal durante o governo Lula, foi preso nesta quarta-feira (17) em uma operação que investiga um complexo esquema de corrupção envolvendo órgãos ambientais e empresas de mineração.

Atualmente atuando como diretor de administração e finanças do Serviço Geológico do Brasil/Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (SGB/CPRM), Teixeira teve sua prisão decretada pela Polícia Federal (PF), que cumpriu um dos 22 mandados de prisão preventiva expedidos como parte da operação. Segundo a investigação, ele seria o administrador oculto de uma empresa de mineração e utilizava sua posição de influência para facilitar negócios ilícitos.
A operação revelou que o esquema movimentou lucros indevidos na casa de R$ 1,5 bilhão e envolvia também servidores públicos da Agência Nacional de Mineração (ANM), do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e de órgãos estaduais do governo de Minas Gerais. Um dos diretores da ANM em Brasília também foi detido, enquanto outro ex-diretor é alvo de mandado de prisão. A sede da agência na capital federal foi alvo de buscas.
Durante o período em que ocupava o cargo de diretor de Polícia Administrativa, sob o comando do então diretor-geral Andrei Rodrigues, Teixeira teria usado sua função pública para beneficiar interesses privados. A investigação destaca tentativas de interferência em apurações conduzidas pela própria PF, que atingiam empresários ligados ao esquema.
O nome de Teixeira surgiu no inquérito após a PF identificar sua ligação com o empresário João Alberto Lages. A partir dessa conexão, foi possível rastrear uma empresa de mineração associada a ele. De acordo com os investigadores, empresários envolvidos no esquema teriam cedido direitos minerários a essa empresa em troca da influência de Teixeira junto à administração pública.
\"Essa cessão, embora documentada como 'gratuita', foi possivelmente movida por interesse concreto: contar com a atuação de um delegado Federal no interior da estrutura empresarial, como forma de obter acesso diferenciado a órgãos públicos, prestígio perante possíveis compradores, garantia de proteção diante de concorrência ou, ainda, investigações em curso. Trata-se de oferta de vantagem indevida por parte de particulares a agente público\", destacou o pedido de prisão.
A investigação ainda aponta que, durante sua atuação como diretor em Brasília, Teixeira teria articulado um encontro entre o empresário João Lages e um diretor da ANM, para tratar de uma investigação em curso. Além disso, há suspeitas de que ele tenha tentado afastar o delegado responsável pelo caso.
Ao todo, 18 pessoas foram presas na operação que revelou os bastidores de um dos maiores esquemas de corrupção ligados à exploração mineral no país.