Operação da PF provoca crise política e esvazia plenário da ALMG
Investigação sobre corrupção ambiental gera troca de acusações entre parlamentares e deixa sessão marcada por tensões e esvaziamento
Por Plox
17/09/2025 19h49 - Atualizado há cerca de 2 horas
O início dos trabalhos na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, nesta quarta-feira (18/9), foi marcado por um ambiente de tensão causado pela operação \"Rejeito\", deflagrada pela Polícia Federal para apurar um esquema de mineração ilegal e corrupção em órgãos ambientais.

Parlamentares de oposição apontaram o governo Romeu Zema (Novo) como responsável por ter criado condições que, segundo eles, favoreceram empresários envolvidos no caso. A deputada Lohanna (PV) recordou mudanças feitas em 2023, quando o licenciamento ambiental deixou de ser responsabilidade das superintendências regionais e passou para uma subsecretaria, subordinando a fiscalização ao poder político.
“Na época, nós alertamos como isso subordinaria o poder de fiscalização do Estado ao poder político. Hoje (17/9), o que temos? Uma fiscalização da Polícia Federal investigando nosso superintendente de fiscalização. É o que a gente avisava”
, declarou.
Após a fala da parlamentar, Antônio Carlos Arantes (PL) rebateu, lembrando que a operação também atingiu servidores federais. Para ele, a atuação da Agência Nacional de Mineração (ANM) e do governo federal precisa ser igualmente investigada.
“Não são apenas servidores do Estado. É principalmente a ANM e o governo federal. Tem que investigar sim, mas é preciso deixar claro: é um complô, uma quadrilha, que normalmente vem de cima para baixo. Os órgãos federais também estão envolvidos até o pescoço nisso”
, afirmou.
Apesar da discussão acalorada, os trabalhos seguiram pela manhã com ataques ao governo estadual. Já no período da tarde, a sessão ordinária foi esvaziada, mas os discursos da oposição continuaram sem manifestações em defesa de Zema.
Entre os investigados pela Polícia Federal estão nomes ligados ao Estado, como Rodrigo Gonçalves Franco, ex-presidente da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), exonerado no último sábado; Vitor Reis Salum Tavares, diretor de Gestão Regional da Feam; e Fernando Benício de Oliveira Paula, representante da sociedade civil no Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam). Todos são servidores estaduais.
A investigação também alcança figuras ligadas ao governo federal, entre elas Caio Mário Trivellato Seabra Filho, diretor da ANM; o delegado Rodrigo de Melo Teixeira, ex-superintendente da PF em Minas e atual diretor de Administração e Finanças do Serviço Geológico do Brasil (SGB); além de Débora Maria Ramos do Nascimento França, ex-superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em Minas Gerais.
A operação, que atinge tanto servidores estaduais quanto federais, provocou um ambiente de crise na ALMG, ampliando o clima de confronto político e fragilizando o andamento da reunião plenária.