PF alerta para risco de novas tragédias com mineração ilegal em Minas
Operação revela esquema bilionário de fraudes em licenças ambientais; exploração irregular atinge áreas de preservação
Por Plox
17/09/2025 14h27 - Atualizado há cerca de 5 horas
A Polícia Federal deflagrou uma megaoperação para desarticular um esquema criminoso de mineração ilegal que pode colocar em risco áreas de preservação ambiental e populações próximas em Minas Gerais. O grupo investigado atuava com fraudes em licenças ambientais e operava em regiões sensíveis, levantando alertas sobre possíveis novas catástrofes semelhantes às tragédias de Mariana e Brumadinho.

Segundo a PF, o esquema poderia render mais de R$ 18 bilhões aos envolvidos. Até o momento, 15 pessoas foram presas preventivamente, mas a Justiça expediu 22 mandados de prisão e diversas ordens de busca e apreensão em imóveis de luxo ligados ao grupo.
O principal investigado é Alan Cavalcante do Nascimento, apontado como líder da organização criminosa. Durante entrevista coletiva, o diretor de Crimes contra a Amazônia da PF, Humberto Freire, destacou que o esquema envolvia empresas privadas, agentes públicos e intermediários, todos unidos para aprovar ilegalmente projetos de mineração.
“Essa exploração clandestina pode trazer catástrofes e mortes”, afirmou Freire.
O superintendente da PF em Minas, Richard Macedo, também alertou para o risco às comunidades situadas próximas às áreas de extração ilegal. Ele enfatizou que cabe aos órgãos ambientais a responsabilidade de revisar todas as concessões emitidas ao grupo investigado.
“Nossa perspectiva é que esta operação não seja apenas um ataque direto à organização, mas também um mecanismo de prevenção para que novas tragédias não voltem a ocorrer”, declarou.
As investigações apontam que o grupo atuava até mesmo com supostas falsificações de documentos oficiais para obter permissões de mineração, incluindo uma possível fraude relacionada à Prefeitura de Belo Horizonte. A Polícia Federal reforçou que a atuação do grupo representa uma ameaça concreta ao meio ambiente, ao patrimônio histórico e às vidas humanas.
O histórico trágico de Minas Gerais com esse tipo de atividade reforça o alerta das autoridades. Em janeiro de 2019, o rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão, operada pela Vale em Brumadinho, resultou na morte de 272 pessoas. Quatro anos antes, em novembro de 2015, a barragem de Fundão, da Samarco, colapsou em Mariana, matando 19 pessoas e espalhando um mar de lama por diversas comunidades, afetando gravemente o Rio Doce.
A Polícia Federal cobra, agora, atuação ativa da Secretaria Estadual de Meio Ambiente, que foi procurada, mas ainda não se manifestou sobre o caso. As investigações continuam e novas prisões não estão descartadas.
O caso acende um novo alerta em um estado já marcado por tragédias provocadas por negligência e exploração ambiental irregular.