Quatro servidores de Minas são exonerados após operação contra fraudes na mineração
Decisão da Justiça Federal levou ao afastamento de gestores ligados a esquema milionário em licenciamento ambiental no estado
Por Plox
17/09/2025 19h57 - Atualizado há cerca de 2 horas
Em edição extraordinária do Diário Oficial publicada nesta quarta-feira (17/9), o governo de Minas Gerais oficializou a exoneração e o afastamento de quatro servidores vinculados à Secretaria de Estado de Meio Ambiente, todos investigados pela Polícia Federal na Operação Rejeito. A medida cumpre determinação da Justiça Federal, que havia ordenado a retirada imediata dos nomes suspeitos.

Entre os exonerados está Breno Esteves Lasmar, então diretor-geral do Instituto Estadual de Florestas (IEF). Além de perder o cargo de chefia, ele também foi afastado de sua função efetiva de Analista Ambiental. Outro nome de destaque é Arthur Ferreira Rezende Delfim, diretor de regularização ambiental da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), que foi preso no início da manhã, quando os mandados foram cumpridos.
Na mesma publicação, o governo confirmou a exoneração de Fernando Baliani da Silva, que ocupava posto em comissão na Feam. Ele também perdeu a gratificação temporária e foi suspenso do cargo de Gestor Ambiental. Já Lirriet de Freitas Libório Oliveira foi dispensada de sua função comissionada na fundação e igualmente teve sua gratificação cancelada.
Durante coletiva de imprensa, o secretário de Comunicação Bernardo Santos afirmou que algumas providências haviam sido tomadas antes mesmo da operação da PF.
“Um cargo de confiança exige confiança”
, resumiu ele, ao defender as decisões da gestão estadual. Segundo Santos, parte dos servidores já era alvo de processos administrativos conduzidos pela Controladoria-Geral do Estado, embora os procedimentos ainda estivessem em sigilo e sem responsabilizações concluídas.
Questionado sobre novos desdobramentos, o secretário evitou antecipar informações, mas confirmou que a Controladoria acompanhava alguns casos. Ele reforçou que o governo tem colaborado com a Polícia Federal e destacou que o número de investigados é pequeno diante do quadro total de funcionários da Semad, da Feam e do IEF.
As investigações apontam que mais de R$ 3 milhões em propinas foram pagos a agentes públicos para liberar licenças ambientais irregulares, beneficiando empresas ligadas à mineração. Parte dos envolvidos recebia mensalmente valores para favorecer os interesses do grupo. O juiz responsável determinou ainda o bloqueio e sequestro de bens que somam R$ 1,5 bilhão, medida que busca ressarcir os cofres públicos e impedir movimentações financeiras da organização.
Segundo a PF, mais de 40 empresas participavam do esquema, muitas delas explorando minério de ferro em áreas de preservação e regiões tombadas, em desrespeito às normas ambientais. O grupo teria estruturado uma rede empresarial para garantir a exploração ilegal em larga escala, utilizando práticas como corrupção de servidores, fraude documental, tráfico de influência e lavagem de dinheiro.
As autoridades ressaltam que o objetivo era assegurar licenças fraudulentas e ampliar a exploração de minério de ferro em Minas Gerais, estado que concentra algumas das maiores reservas do mineral no mundo.