Uso de IA cresce entre alunos do ensino médio sem orientação das escolas

Pesquisa mostra que maioria dos estudantes já utiliza ferramentas como ChatGPT e Gemini, mas poucos recebem suporte adequado

Por Plox

17/09/2025 13h41 - Atualizado há cerca de 6 horas

Um levantamento nacional revelou que o uso de ferramentas de inteligência artificial (IA) entre estudantes do ensino médio brasileiro já é uma prática comum — e crescente. Dados da 15ª edição da pesquisa TIC Educação mostram que 70% dos alunos que acessam a internet recorrem a plataformas como ChatGPT e Gemini para realizar pesquisas escolares, mas apenas 32% afirmam ter recebido algum tipo de orientação por parte das escolas sobre como utilizar essas tecnologias de forma ética e segura.


Imagem Foto: Reprodução


A pesquisa foi divulgada nesta segunda-feira (16) pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), ligado ao Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), entidade responsável pela coordenação de projetos do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br).



Daniela Costa, coordenadora do estudo, afirma que esses dados revelam um novo cenário no processo de aprendizagem. $&&$“Tais recursos requerem novas formas de lidar com a linguagem, de pensar a curadoria de conteúdos e de compreender a informação e o conhecimento”$, destacou.


O levantamento ouviu 7.476 estudantes, além de 945 gestores, 864 coordenadores pedagógicos e 1.462 professores de 1.023 escolas públicas e privadas, localizadas em áreas urbanas e rurais de todo o país. Foi a primeira vez que o estudo investigou o uso de IA por alunos na realização de pesquisas escolares.



A coleta de dados, realizada entre agosto de 2023 e março de 2024, apontou também que 37% dos estudantes dos ensinos fundamental e médio já utilizam ferramentas de IA em suas buscas. Entre os alunos dos anos finais do ensino fundamental, esse número sobe para 39%.



Em resposta a esse novo cenário, muitas escolas já começaram a discutir o uso da IA em reuniões com professores e famílias. Segundo a pesquisa, 68% dos gestores relataram ter promovido encontros com docentes e funcionários para tratar do uso de tecnologias digitais, enquanto 60% também reuniram pais, mães e responsáveis. Contudo, apenas 40% desses gestores afirmaram que o uso de ferramentas de IA foi pauta específica nas conversas.



A coordenadora da TIC Educação enfatizou a importância de orientar os estudantes sobre como avaliar a integridade da informação, reconhecer autoria e construir o próprio conhecimento de forma crítica. $&&$“É fundamental que os alunos não aceitem uma resposta gerada por IA como verdade absoluta, mas aprendam a questionar, interpretar e refletir sobre o conteúdo”$, alertou Daniela.


Outro ponto abordado no estudo foi o uso de celulares nas instituições de ensino. Mesmo com a promulgação da Lei 15.100, de janeiro de 2025, que restringe o uso de dispositivos móveis em escolas, a pesquisa registrou mudanças significativas nas normas internas.



Em 2023, 28% das instituições proibiam o uso de celulares, e 64% permitiam o uso controlado em horários e espaços específicos. Em 2024, a porcentagem de escolas que proibiram totalmente o uso dos aparelhos subiu para 39%, enquanto aquelas que mantiveram uso restrito caíram para 56%.



Essa tendência é mais acentuada em escolas rurais, municipais e particulares. O uso de celulares caiu de 47% para 30% nas áreas rurais, de 32% para 20% em escolas municipais e de 64% para 46% nas particulares.



Mesmo entre as instituições privadas, tradicionalmente mais equipadas, o estudo identificou redução no uso de tecnologia. A presença de internet nas salas de aula, por exemplo, caiu de 70% em 2020 para 52% em 2024.



As informações completas da pesquisa TIC Educação estão disponíveis no site oficial do levantamento e mostram que, embora a IA esteja cada vez mais presente no cotidiano escolar, ainda há um caminho longo a ser percorrido na preparação de estudantes e professores para lidar com essas ferramentas de forma responsável.


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