Lula considera proibir apostas online se regulamentação não combater fraudes e vício

Presidente destaca preocupação com o aumento do endividamento e o impacto sobre os mais vulneráveis

Por Plox

17/10/2024 10h15 - Atualizado há 5 dias

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quinta-feira (17) que pode suspender as apostas online no Brasil caso a regulamentação das plataformas não consiga impedir fraudes nem reduzir o vício e o endividamento, especialmente entre os mais pobres.

"Vamos ver se a regulação resolve. Se funcionar, está resolvido. Se não, eu acabo com isso. É preciso deixar claro que não temos controle sobre o povo mais humilde, com crianças usando celular para apostar. Não queremos esse cenário", disse Lula em entrevista à rádio Metrópole, de Salvador.

Luiz Inácio Lula da Silva (PT), presidente da República (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

Um estudo do Banco Central revelou que os brasileiros gastaram cerca de R$ 20 bilhões por mês em apostas online nos primeiros oito meses de 2024. Cerca de 24 milhões de brasileiros realizaram ao menos uma transferência via Pix para participar de jogos de azar e apostas no período analisado.

A maior parte dos apostadores tem entre 20 e 30 anos, mas a prática se espalha por várias faixas etárias. Enquanto os mais jovens gastam em média R$ 100 mensais, pessoas mais velhas chegam a desembolsar mais de R$ 3 mil por mês em apostas.

A lei que regulamenta as apostas online no Brasil foi aprovada pelo Congresso e sancionada pelo governo no final do ano passado. A partir de janeiro, as empresas deverão estar hospedadas no país, o que facilitará a fiscalização. Mais de 2 mil sites já foram bloqueados por não iniciarem o processo de regularização junto ao Ministério da Fazenda.

Bancos manifestam preocupação sobre endividamento das famílias

Na quarta-feira (16), Lula se reuniu com representantes dos maiores bancos privados do Brasil no Palácio do Planalto, e as apostas online foram um dos temas abordados. O presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Isaac Sidney, pediu a criação de um grupo de trabalho envolvendo as instituições financeiras.

"Expressamos nossa preocupação com o endividamento das famílias e com a necessidade de equipar o poder público para regulamentar e fiscalizar o mercado de apostas online", declarou Sidney.

Destaques