Ativação de usinas térmicas no Brasil em resposta ao aumento de demanda energética devido ao calor intenso

Especialistas alertam para os custos e impactos ambientais do uso crescente de termoelétricas diante da demanda recorde de energia

Por Plox

17/11/2023 09h35 - Atualizado há 8 meses

Na última segunda-feira, 13 de novembro, o Brasil enfrentou um recorde na demanda de energia, impulsionado por uma onda de calor intensa. Em resposta, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) ativou as usinas térmicas, uma medida usualmente adotada quando os reservatórios das hidrelétricas estão baixos, situação que não se aplica atualmente. Desde então, a produção das termoelétricas aumentou em 63%, saindo de uma média de 7 mil mega watts por dia.

Foto: SPDO/DIVULGAÇÃO

Aumento do Custo e Impacto Ambiental

Tiago de Barros Correia, ex-diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e especialista em regulação de infra-estrutura e energia, destacou que o desafio atual está na distribuição de energia, não na produção. Ele explicou que, com a alta demanda causada pelo calor, foi necessário acionar as termoelétricas, notoriamente mais caras e poluentes, devido à sua capacidade de resposta rápida. "O que a gente tinha visto no passado era a termoelétrica entrando por falta de chuva, então ela entrava para fazer essa compensação do regime hidrológico; os reservatórios estavam baixos. Isso não é o que está acontecendo hoje, os reservatórios estão cheios, mas a gente precisa de ajuda para atender essa demanda de ponta", afirmou Tiago de Barros Correia.

A geração de energia pelas termoelétricas é mais onerosa devido ao alto custo dos combustíveis fósseis, como o gás natural. Com o conflito no Oriente Médio, os preços dos derivados de petróleo sofreram elevação, intensificando o impacto econômico.

Necessidade de Investimentos em Transmissão

Diante desse cenário, Correia enfatiza a importância de investir em redes de transmissão com maior capacidade de escoamento. Segundo ele, há um excesso de geração de energia, particularmente solar e eólica, que não é totalmente aproveitado devido às limitações na rede de transmissão. "Então seria interessante também haver investimentos em linhas de transmissão para permitir o maior escoamento dessas fontes que já estão instaladas ou que vão ser instaladas nos próximos anos, principalmente no Nordeste", acrescentou.

Posicionamento da ANEEL

A ANEEL informou que está em constante diálogo com o Ministério de Minas e Energia, distribuidoras e prefeitos dos municípios afetados. O objetivo é definir protocolos que melhorem as respostas aos eventos climáticos severos e aprimorar os planos de prevenção e redução de danos.

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