Política

Cúpula dos Povos reúne 70 mil e entrega carta à COP30 com críticas e demandas

Evento paralelo à COP30 debate crise climática, reforça participação popular e entrega documento crítico ao presidente da conferência

17/11/2025 às 08:43 por Redação Plox

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou neste domingo (16) que a Cúpula dos Povos foi essencial para a viabilização da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30). O evento, realizado por movimentos sociais e em paralelo à conferência oficial da ONU, destacou o papel da participação popular nos debates sobre o futuro do planeta.

Lula afirmou que a Cúpula dos Povos foi essencial para viabilizar a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30)

Lula afirmou que a Cúpula dos Povos foi essencial para viabilizar a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30)

Foto: Agência Brasil


Governança climática e união internacional

Lula anunciou que retornará a Belém em 19 de novembro para reunir-se com António Guterres, secretário-geral da ONU, buscando fortalecer a governança do clima e o multilateralismo, em parceria com representantes de diversos países, sociedade civil, povos indígenas, líderes regionais e municipais.

No encerramento da Cúpula dos Povos, uma carta de Lula dirigida aos participantes foi lida pela ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva. Na mensagem, o presidente reconheceu a importância da mobilização social e afirmou que “a COP30 não seria viável sem a participação de vocês”. O texto destacou a necessidade de envolvimento de toda a sociedade na luta contra a crise climática, ressaltando que essa é uma tarefa urgente que vai além dos governos.

Crítica ao negacionismo e apelo por ações concretas

Durante a mensagem, Lula fez críticas ao negacionismo climático e reforçou que a participação e as críticas da sociedade civil acompanham a evolução do conhecimento científico. Além disso, ele enfatizou a urgência de decisões efetivas nas negociações sobre transição justa e adaptação às mudanças do clima.

O presidente também defendeu a necessidade de implementar o financiamento climático e buscar soluções para reduzir a dependência dos combustíveis fósseis e barrar o desmatamento, destacando que não se pode deixar Belém sem avanços nessas pautas. Para Lula, os líderes mundiais presentes conheceram de perto a realidade amazônica e perceberam que a divisão da humanidade é insustentável diante dos desafios ambientais globais.

Encerramento com carta de críticas e reivindicações

Após cinco dias de debates e mobilizações em Belém, a Cúpula dos Povos foi encerrada com um “banquetaço” na Praça da República, reunindo distribuição de alimentos e celebração cultural aberta ao público local. No ato final, foi lida uma carta que criticou o que os participantes consideram “falsas soluções” diante da emergência climática.

O documento entregue ao presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, será apresentado nas próximas reuniões da conferência. O texto indica o modelo capitalista como principal causa do agravamento da crise climática e destaca que comunidades periféricas são as mais afetadas por eventos extremos e racismo ambiental.

Além disso, a carta faz críticas ao avanço da extrema direita, do fascismo e das guerras, defende o povo palestino e questiona operações militares dos Estados Unidos no Caribe sob a justificativa do combate ao narcotráfico.

Cúpula dos Povos mobiliza diversidade social

A Cúpula dos Povos reuniu cerca de 70 mil participantes, incluindo movimentos sociais nacionais e internacionais, povos indígenas, comunidades tradicionais, sindicalistas, populações urbanas e rurais, além de representantes da juventude, da comunidade LGBTQIAPN+, afrodescendentes e outros grupos historicamente marginalizados.

Considerado o maior espaço de participação social da COP30, o evento iniciou-se em 12 de novembro, com críticas à baixa inserção popular nos debates oficiais da conferência climática. Para cerca de 1,3 mil organizações e movimentos presentes, países – especialmente os mais ricos – vêm se omitindo ou optando por soluções ineficazes que colocam em risco a meta de 1,5°C do Acordo de Paris.

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