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Alho capixaba ganha força com novas variedades livres de doenças

Projeto do Incaper e Embrapa impulsiona produção de alho resistente e de qualidade superior em municípios do Espírito Santo, aumentando a competitividade estadual.

17/11/2025 às 07:11 por Redação Plox

A colheita das novas variedades de alho começou em propriedades do Espírito Santo e já traz resultados promissores aos produtores rurais: bulbos maiores, dentes graúdos e livres de doenças tornam-se marcas desse novo ciclo agrícola no estado.

Alho cultivado no Espírito Santo agora possui variedade livre de doenças e com bulbos maiores

Alho cultivado no Espírito Santo agora possui variedade livre de doenças e com bulbos maiores

Foto: Reprodução/ TV Gazeta

maior dimensão, dentes robustos e isento de enfermidades

maior dimensão, dentes robustos e isento de enfermidades

Foto: Reprodução/ TV Gazeta

A meta é elevar a produtividade e a qualidade do alho do Espírito Santo

A meta é elevar a produtividade e a qualidade do alho do Espírito Santo

Foto: Reprodução/ TV Gazeta

Projeto aposta em produtividade e qualidade

Essas características superiores são resultado de um projeto iniciado há dois anos, com o apoio do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) e da Embrapa. O objetivo é transformar o cultivo do alho capixaba, aumentando a produtividade e agregando valor para o agricultor.

Um dos produtores que investiu nesse aprimoramento é Rosemiro Schmidt, de Rio Claro, em Santa Maria de Jetibá. Representando a terceira geração de sua família dedicada ao alho, ele decidiu apostar em novas técnicas para avançar ainda mais na produção.

Isso já tem uma longa caminhada. Meus avós produziam alho, meus pais produziam alho, e a gente tá continuando a mesma caminhada — Rosemiro Schmidt

Mesmo com tradição no cultivo, Rosemiro apostou na inovação. As sementes utilizadas em sua plantação passaram por um processo de “limpeza” em laboratório, realizado pela Embrapa, em Brasília, para eliminar vírus e doenças do alho.

Processo laboratorial elimina vírus e amplia resistência

A pesquisadora do Incaper, Andrea Costa, explica que a técnica adotada envolve várias etapas e não utiliza modificação genética. Segundo ela, um dos métodos aplicados é a termoterapia, que submete os bulbos a altas temperaturas para eliminar agentes infecciosos. Depois disso, o material segue para cultura de tecidos, multiplicação em casas de vegetação e, finalmente, o plantio no campo. O resultado é um alho livre de doenças e com tamanho acima da média.

Eles fazem um processo de termoterapia, aumentando a temperatura dos bulbos para eliminar os vírus. Depois, o material é levado para cultura de tecido, onde é multiplicado, vai para casas de vegetação e, por fim, para o campo. Ou seja, o alho não tem doença, não tem vírus, e apresenta tamanho maior do que o comum — Andrea Costa, pesquisadora do Incaper

Segundo Andrea, a seleção e limpeza do material garantem maior resistência e produtividade aos produtores capixabas. Ela ressalta ainda que as variedades vêm sendo cultivadas no Espírito Santo desde 2023, já demonstrando destaque em qualidade e rendimento.

Nós estamos aqui no Espírito Santo trabalhando com esses alhos desde 2023. As cabeças são maiores, os dentes também, e o agricultor consegue uma produtividade muito maior por hectare — Andrea Costa

Variedades testadas e expansão para novas regiões

Rosemiro e a esposa, Sanderli, começaram a plantar três variedades pela primeira vez: Roxão, Amarante e Ouro Branco. A colheita das novas cultivares teve início em setembro, e a qualidade surpreendeu a família pela quantidade reduzida de dentes e o tamanho avantajado de cada um.

A qualidade é assim, os dentes, menos dente, graúdo, porque o outro alho da região, ele dá cabeça, bulbo grande, só que ele dá muitos dentes. E esse daqui, ele já dá uma cabeça grande, com menos dente — Rosemiro Schmidt

Além de Santa Maria de Jetibá, o projeto distribuiu sementes aperfeiçoadas também para agricultores de Domingos Martins. Agora, o teste se expande a regiões como Muqui, Linhares e Colatina, buscando avaliar o desempenho das variedades em climas mais quentes e úmidos.

Impacto econômico e expectativa de mercado

O engenheiro agrônomo Protaze Magevski destaca que o alho livre de vírus tende a valorizar a produção capixaba, abrindo espaço competitivo tanto no mercado nacional quanto frente ao produto importado.

Esse alho livre de vírus, ele veio para agregar valor à produção. É um alho que apresenta um calibre maior, potencializa um alcance no mercado, menor competição, porque vai concorrer com um produto importado e não vai ter concorrência interna — Protaze Magevski, engenheiro agrônomo

Após ser colhido, o alho passa por um período de secagem de até um mês antes de ser comercializado em feiras e supermercados. As novas variedades ainda estão em avaliação, mas os resultados iniciais já entusiasmam agricultores e pesquisadores.

A pesquisadora Andrea Costa alerta que, mesmo com as novas técnicas, existe a possibilidade de reinfecção do alho em plantios sucessivos. No entanto, o programa do Incaper prevê o fornecimento contínuo de material livre de vírus aos agricultores, reforçando a segurança e qualidade da produção capixaba.

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