Economia

Petrobras encontra petróleo de alta qualidade na Bacia de Campos

Descoberta reforça importância estratégica da região para produção nacional e levanta debate sobre responsabilidade ambiental

17/11/2025 às 09:43 por Redação Plox

A Petrobras anunciou nesta segunda-feira (17) a identificação de petróleo de alta qualidade em uma região do pós-sal na Bacia de Campos, situada no litoral do Rio de Janeiro.

Bacia de Campos, nos estados do Espírito Santo e Rio de Janeiro

Bacia de Campos, nos estados do Espírito Santo e Rio de Janeiro

Foto: Divulgação

Petróleo encontrado próximo à costa do Rio de Janeiro

O óleo foi detectado no bloco Sudoeste de Tartaruga Verde, durante perfuração de um poço exploratório localizado a 108 quilômetros da cidade de Campos dos Goytacazes, em uma área marítima com profundidade de 734 metros.

O pós-sal, camada onde ocorreu a descoberta, é formado por rochas acima do sal e caracteriza-se por abrigar petróleo em profundidades menores, facilitando a extração. Já o pré-sal fica abaixo de uma espessa camada de sal e costuma conter grandes volumes de óleo, porém requer tecnologia mais avançada para exploração.

Testes confirmam qualidade do óleo

De acordo com a Petrobras, a perfuração do poço foi concluída e os testes preliminares — que incluíram análises elétricas, detecção de gás e coleta de fluidos — confirmaram a presença de petróleo. O material será encaminhado para laboratório, etapa fundamental para avaliação da qualidade do reservatório e do potencial produtivo da área.

Histórico e operação do bloco

O bloco Sudoeste de Tartaruga Verde pertence à Petrobras desde 2018, quando foi adquirido na 5ª Rodada de Partilha de Produção. A Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA) é responsável pela gestão do contrato, e a Petrobras opera a área com 100% de participação.

A Bacia de Campos, região marítima entre o Rio de Janeiro e o Espírito Santo, permanece como um dos mais relevantes polos de produção do Brasil. Por décadas, foi responsável por uma parcela importante do petróleo nacional e, mesmo com o destaque do pré-sal, a área segue estratégica para o desenvolvimento de novos poços.

Novas descobertas e avanço em outras regiões

A última descoberta da companhia havia ocorrido no pré-sal da Bacia de Santos, em maio, onde o poço explorado no bloco Aram fica situado a 248 quilômetros da cidade de Santos (SP), a 1.952 metros de profundidade. Só neste ano, já foram dois achados de óleo de alta qualidade naquele bloco.

O avanço exploratório também se destaca na chamada Margem Equatorial. Em outubro, a Petrobras recebeu licença do Ibama para perfurar um poço em águas profundas na área da Foz do Amazonas, considerada uma das novas fronteiras do setor no Brasil. O órgão liberou a atividade após uma série de ajustes no projeto e diante da comprovação da robustez da estrutura de proteção ambiental proposta para a operação.

Segundo a Petrobras, a exploração de novas áreas é fundamental para assegurar a segurança energética nacional e apoiar uma transição energética justa.

Fronteira no Norte pode se tornar novo polo de produção

O bloco FZA-M-059, onde será feita a perfuração na Foz do Amazonas, está localizado em mar aberto, cerca de 500 quilômetros da foz do rio Amazonas e a 175 quilômetros da costa. A previsão é de que as operações sejam iniciadas de imediato, com duração estimada de cinco meses.

A expectativa da Petrobras é de que a área possa se transformar em um “novo pré-sal”, com potencial para produzir até 1,1 milhão de barris por dia — quantidade superior à dos maiores campos em atividade, como Tupi (cerca de 1 milhão) e Búzios (800 mil barris por dia).

No entanto, o projeto enfrenta críticas de ambientalistas devido aos riscos para uma região sensível e pouco estudada, além das possíveis ameaças a comunidades pesqueiras locais.

Exploração motivou debate sobre combustíveis fósseis

A exploração dessa nova fronteira causou discussões sobre os impactos ambientais e a dependência nacional de combustíveis fósseis. Antes da autorização das atividades, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfatizou publicamente que o processo ocorreria com responsabilidade, destacando que o Brasil, assim como outros países, ainda não tem condições de abandonar fontes fósseis de energia.

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