Vacina contra dengue do Butantan tem eficácia de quase 80%, diz Instituto
Os dados são de um acompanhamento de dois anos com mais de 16 mil indivíduos de todo o Brasil
Por Plox
17/12/2022 08h49 - Atualizado há cerca de 2 anos
A vacina contra a dengue desenvolvida pelo Instituto Butantan (Butantan-DV) mostrou uma eficácia de 79,6% para evitar a doença, de acordo com o estudo clínico de fase 3. Os dados são de um acompanhamento de dois anos com mais de 16 mil indivíduos de todo o Brasil.
A informação foi divulgada no fim dessa sexta-feira (16), pelo próprio Instituto Butantan. Segundo o órgão, durante esse período, não foi reportado nenhum caso grave de dengue nos participantes do estudo.
O processo está na fase 3, em andamento desde 2016, e conta com 16.235 voluntários de 2 a 59 anos. De acordo com o Instituto, o imunizante foi administrado em 10.259 pessoas, em dose única, e o restante recebeu placebo.
A incidência de casos de dengue sintomáticos confirmados por laboratório foi analisada depois de 28 dias da vacinação até dois anos de seguimento de cada participante. O estudo seguirá até todos os indivíduos completarem cinco anos de acompanhamento, em 2024.
Conforme o Butantan, a eficácia da vacina também foi avaliada, de forma separada, em relação à exposição prévia ao vírus da dengue. Em pessoas que contraíram a doença antes do estudo, a proteção foi de 89,2%. Já naqueles que nunca tiveram contato com o vírus, a eficácia foi de 73,5%.
A vacina do Butantan é tetravalente, feita para proteger contra os quatro sorotipos do vírus da dengue (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4). No entanto, no período da pesquisa, apenas os tipos 1 e 2 circularam no país. A eficácia registrada para evitar a infecção por estes vírus foi de 89,5% e 69,6%, respectivamente.
A fase 3 segue em andamento e os pesquisadores ainda pretendem gerar dados de eficácia para os sorotipos 3 e 4. Na fase 2 do ensaio clínico, que teve seus resultados publicados em artigo na The Lancet Infectious Diseases, 80% dos voluntários produziram anticorpos contra os quatro sorotipos.
Segundo o Instituto, o resultado positivo é fruto de um trabalho de mais de 10 anos com parceiros internacionais e pode ter grande impacto na saúde pública brasileira. Até dezembro de 2022, o Brasil registrou 1,4 milhão de casos e 978 óbitos pela doença, um aumento de 172,4% e 400% em relação ao ano anterior, segundo o Ministério da Saúde.