Uma publicação do presidente da Argentina, Javier Milei, nas redes sociais no início desta semana provocou forte repercussão ao retratar o Brasil como uma grande favela, enquanto países governados pela direita aparecem como centros urbanos modernos e futuristas.
Javier Milei compartilha imagem em suas redes sociais classificando países com governo de esquerda a conglomerados urbanos como favelas
Foto: (Reprodução: Senado de la Nación Argentina/Instagram@javiermilei/Montagem)
A imagem, que circulava inicialmente em perfis alinhados ao governo argentino, foi repostada por Milei em tom comemorativo, em meio ao novo rearranjo político na América do Sul após a vitória da direita no Chile. O conteúdo apresenta um mapa do continente dividido por orientação ideológica, com países classificados conforme o espectro político de seus governos.
No mapa, o Brasil surge associado a elementos visuais que remetem a uma paisagem de favela. Outras nações sob governo de esquerda, como Colômbia, Uruguai e Venezuela, também são representadas com referências à pobreza e à precariedade urbana.
Na outra ponta, a Argentina aparece como um polo de desenvolvimento, ao lado de Chile e Paraguai, todos ilustrados com imagens de cidades modernas e futuristas, numa clara contraposição estética e ideológica em relação aos países governados por forças de esquerda.
A postagem foi feita poucos dias após a eleição de José Antonio Kast no Chile, resultado que alterou o equilíbrio de forças na região. Com a vitória do ultraconservador chileno, direita e esquerda passam a governar, cada uma, metade dos países da América do Sul. Milei esteve entre os primeiros líderes a celebrar publicamente o desfecho do pleito chileno.
A forma como o Brasil foi representado desencadeou críticas imediatas. Usuários brasileiros e estrangeiros nas redes sociais apontaram o caráter estigmatizante da ilustração, especialmente pelo uso de símbolos associados à marginalização urbana.
Parlamentares e perfis políticos também reagiram, questionando o teor diplomático da publicação de Milei e o possível impacto do gesto nas relações entre os países da região, em um momento de divisão ideológica marcada no continente.
