Política

CCJ do Senado aprova PL que pode reduzir penas de condenados pelos atos de 8 de Janeiro

Projeto de Lei da Dosimetria prevê diminuição de penas em crimes de golpe de Estado e abolição violenta do Estado democrático em contexto de multidão, e é apontado por senadores como possível passo rumo a uma futura anistia

17/12/2025 às 17:16 por Redação Plox

Após mais de seis horas de discussão, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou, nesta quinta-feira (17), o Projeto de Lei da Dosimetria (PL 2.162/2023), que pode reduzir penas de condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023. A proposta recebeu 17 votos favoráveis e 7 contrários e segue agora para o Plenário, com votação prevista ainda para esta quarta-feira.

CCJ do Senado aprova PL da Dosimetria

CCJ do Senado aprova PL da Dosimetria

Foto: Saulo Cruz/Agência Senado


O texto prevê redução de pena quando os crimes de golpe de Estado e abolição violenta do Estado democrático forem praticados em contexto de multidão. Para ter direito ao benefício, o condenado não pode ter financiado os atos nem exercido papel de liderança.

Debate sobre alcance do projeto

Mesmo após um pedido de vista de quatro horas para análise do relatório do senador Esperidião Amin (PP-SC), persistiram as divergências sobre quais crimes seriam alcançados pela proposta. Houve questionamentos se as mudanças se aplicam apenas aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro ou se atingem outros tipos penais.

Relator da matéria, Amin afirmou que o objetivo é corrigir distorções nas condenações e indicou que o texto pode ser um primeiro passo rumo a uma eventual anistia.

Há um consenso de que a mão [nos julgamentos] foi muito pesada. A narrativa de se tratar de “blindagem ampla” ou qualquer outra expressão que o valha não é verdadeira.Esperidião Amin

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) avaliou que parte dos condenados pelos atos de 8 de janeiro poderá deixar a prisão em breve e declarou que, em sua visão, o impacto do projeto sobre a situação do ex-presidente Jair Bolsonaro é limitado.

Progressão de regime e emenda de Sergio Moro

O texto aprovado também reduz o tempo mínimo para progressão de regime em crimes contra o Estado democrático de direito. Nesses casos, a exigência passa a ser de 16,6% da pena cumprida, desde que haja bom comportamento, independentemente de reincidência ou uso de violência.

Essa alteração foi incluída por emenda do senador Sergio Moro (União-PR), que restringiu o alcance da redução apenas a esse tipo de crime. Para os demais delitos, permanecem os percentuais atuais previstos em lei.

Críticas da base governista

Senadores alinhados ao governo criticaram o projeto. Fabiano Contarato (PT-ES) advertiu para o risco de a proposta acabar beneficiando outros crimes, enquanto Rogério Carvalho (PT-SE) argumentou que a medida interfere em decisões já consolidadas do Supremo Tribunal Federal (STF).

O presidente da CCJ, Otto Alencar (PSD-BA), questionou a tramitação direta para sanção presidencial e afirmou não enxergar urgência na votação. Já o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), considerou que o projeto envia uma mensagem negativa à sociedade.

Próximos passos no Congresso

Ao final da sessão, os senadores aprovaram um requerimento para que, caso o texto seja confirmado pelo Plenário do Senado, ele siga diretamente para sanção presidencial, sem necessidade de retorno à CCJ.

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