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Rússia ameaça EUA e reforça proteção a Nicolás Maduro em meio à crise na Venezuela
Chancelaria russa alerta para consequências imprevisíveis ao Ocidente após escalada entre Washington e Caracas, enquanto Putin promete apoio a Maduro diante de bloqueio a petroleiros e sanções energéticas ligadas à guerra na Ucrânia
17/12/2025 às 08:30por Redação Plox
17/12/2025 às 08:30
— por Redação Plox
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O Ministério das Relações Exteriores da Rússia alertou, nesta quarta-feira (17), que o aumento das tensões em torno da Venezuela pode gerar "consequências imprevisíveis para todo o Ocidente", de acordo com a agência estatal russa TASS. A declaração foi feita em meio à escalada do confronto entre Washington e Caracas e reforça o papel de Moscou como principal aliada do governo de Nicolás Maduro.
Nicolás Maduro ao lado do presidente da Rússia, Vladimir Putin
Foto: Presidência da República da Venezuela
O posicionamento russo ocorre uma semana depois de o Kremlin confirmar uma conversa telefônica entre o presidente Vladimir Putin e o presidente venezuelano, Nicolás Maduro. Segundo o governo russo, Putin garantiu que Maduro pode contar com o apoio de Moscou no contexto de crescente pressão dos Estados Unidos.
Nesta terça-feira (16), o presidente americano Donald Trump elevou ainda mais a crise ao anunciar que a Venezuela estaria "completamente cercada" e determinar um bloqueio total a petroleiros que entram ou saem do país. A medida amplia a ofensiva de Washington contra Caracas e aprofunda o risco de um confronto indireto com a Rússia, que tem se posicionado como fiadora da permanência de Maduro no poder.
Há uma semana, forças militares dos Estados Unidos interceptaram e apreenderam uma dessas embarcações. Trump acusou a Venezuela de roubar petróleo e terras dos EUA, sem detalhar quais seriam esses recursos, num movimento que Moscou interpreta como parte de uma campanha mais ampla para enfraquecer o governo Maduro.
A ligação entre Putin e Maduro não foi o primeiro sinal público de apoio da Rússia à Venezuela desde que o governo Trump intensificou a ofensiva contra o líder venezuelano, acusado por autoridades americanas de comandar um cartel de drogas. Em 7 de novembro, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores russo, Maria Zakharova, já havia afirmado que Moscou estava pronta para responder a eventuais pedidos de ajuda vindos de Caracas.
Rússia reforça promessa de defender Maduro e a soberania venezuelana
A nova manifestação do governo russo ocorre em um contexto em que a Rússia também se vê pressionada pelos Estados Unidos em outra frente estratégica: a guerra na Ucrânia. Washington prepara uma nova rodada de sanções contra o setor energético russo, segundo a agência Bloomberg, para tentar forçar o Kremlin a aceitar um acordo de paz com condições mais favoráveis a Kiev.
Questionado sobre essas possíveis sanções, o Kremlin limitou-se a afirmar que a medida prejudica os esforços para reparar as relações entre Estados Unidos e Rússia, mantendo o tom de confronto diplomático com Washington em múltiplos tabuleiros — da Europa Oriental à América do Sul.
Pouco depois, o próprio Vladimir Putin comentou as negociações de paz e rejeitou a ideia de que a Rússia represente uma ameaça iminente à Europa, ao mesmo tempo em que criticou os governos ocidentais pelo que considera um clima artificial de alarme.
No Ocidente falam em se preparar para uma grande guerra, e o nível de histeria está aumentando. As declarações sobre uma ameaça russa são mentiras. Buscamos cooperação mútua com os Estados Unidos e os Estados europeus
Vladimir Putin
Apesar do discurso em favor da diplomacia, Putin reiterou que não pretende abrir mão dos objetivos que motivaram a ofensiva russa na Ucrânia, iniciada em 2022 e ainda oficialmente descrita por Moscou como "operação militar especial". Ele reafirmou que esses objetivos serão alcançados, inclusive por meios militares, se Kiev abandonar o diálogo.
As discussões em torno de uma nova proposta de paz apresentada pelos Estados Unidos — que, segundo o jornal "The New York Times", incluiria garantias de segurança à Ucrânia e a presença de uma força militar liderada por países europeus — também foram alvo de reação russa. O porta-voz do governo em Moscou disse que a oposição da Rússia à presença de contingentes estrangeiros em território ucraniano permanece clara, embora tenha admitido que o tema segue em discussão.
O mesmo porta-voz acrescentou que não há expectativa de visita, nesta semana, do enviado especial dos EUA, Steve Witkoff, a Moscou, e reforçou que a Rússia quer ser informada sobre os resultados das negociações de paz com a Ucrânia.
Escalada global: Venezuela vira ponto sensível entre Rússia e EUA
Enquanto Washington tenta isolar economicamente Caracas, com o anúncio de bloqueio total a petroleiros e a acusação de que a Venezuela rouba recursos americanos, Moscou usa o caso venezuelano para reafirmar sua disposição de enfrentar a pressão dos EUA também no hemisfério ocidental. A ameaça russa de que a crise na Venezuela pode ter efeitos imprevisíveis sobre todo o Ocidente insere o apoio a Nicolás Maduro no centro da disputa estratégica entre Moscou e Washington.
Com a Venezuela cada vez mais militar e economicamente dependente da Rússia e os Estados Unidos endurecendo as sanções e o bloqueio marítimo, o país sul-americano se consolida como peça-chave no tabuleiro geopolítico em que se cruzam a guerra na Ucrânia, as sanções energéticas contra Moscou e a tentativa russa de projetar influência na América Latina.