Uma nova pesquisa da Fundação Itaú, baseada em dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), constatou que quase metade dos estudantes brasileiros (48%) não conclui o ensino fundamental até os 15 anos, idade considerada apropriada para o término dessa fase educacional. O estudo, que analisou o percurso escolar de indivíduos nascidos entre 2000 e 2005 até o período de 2007 a 2019, foi divulgado nesta segunda-feira (18/03), evidenciando um cenário de irregularidade no progresso educacional no país.

O "indicador de regularidade de trajetórias educacionais" criado pela pesquisa mostra um panorama preocupante, especialmente entre alunos de baixa renda, com deficiência, indígenas, negros e do sexo masculino, que enfrentam ainda mais dificuldades para manter uma trajetória educacional regular. Além do ensino fundamental, o estudo aponta que 59% dos alunos também não conseguem concluir o ensino médio na idade esperada, ressaltando a extensão do problema educacional brasileiro.

Segundo Patrícia Mota Guedes, superintendente do Itaú Social, "Para além de desempenho [escolar] e de acesso, estamos falando de permanência e regularidade na vida escolar, apresentando dados que possibilitam um entendimento mais detalhado sobre a situação. Lembrando que o problema começa antes do ensino médio, e se agrava entre o 6º e o 9º anos do fundamental, uma etapa esquecida pelas políticas públicas."

A pesquisa também destaca a desigualdade educacional no Brasil, mostrando uma diferença significativa no sucesso escolar baseado em nível socioeconômico, raça e gênero. Enquanto 69% dos estudantes de maior nível socioeconômico concluem o fundamental na idade certa, apenas 38% dos mais pobres conseguem o mesmo feito. Em termos de desigualdade racial e de gênero, 62% dos estudantes brancos finalizam essa etapa educacional no tempo esperado, contrastando com índices menores entre estudantes pardos (46%), pretos (41%) e indígenas (23%). A trajetória escolar é mais positiva para as meninas, com 58% concluindo o fundamental na idade certa, em comparação a 46% entre os meninos.