A Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu um alerta na segunda-feira (17/3) sobre o risco de oito países ficarem sem tratamento para o HIV nos próximos meses. A situação decorre da decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de suspender o financiamento para programas internacionais de saúde.
Segundo o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, a interrupção dos programas pode comprometer duas décadas de progresso na luta contra o HIV. “As interrupções nos programas de HIV podem desfazer 20 anos de progresso”, declarou Ghebreyesus em entrevista coletiva.
A saída dos EUA da OMS foi oficializada em janeiro deste ano, no dia da posse de Trump para seu segundo mandato. Até então, o país era o maior doador da agência de saúde da ONU, contribuindo com 75% dos investimentos destinados ao combate ao HIV e outras doenças sexualmente transmissíveis entre 2024 e 2025.
Com a retirada do apoio financeiro, países como Haiti, Quênia, Lesoto, Sudão do Sul, Burkina Faso, Mali, Nigéria e Ucrânia estão entre os mais impactados. Essas nações correm o risco de ver seus estoques de medicamentos essenciais se esgotarem em breve.
O impacto da medida se estende a outros programas de saúde, incluindo os esforços contra poliomielite, malária e tuberculose, que já sentem os efeitos da suspensão do financiamento americano.
A OMS estima que a falta de recursos para os programas contra o HIV pode resultar em mais de 10 milhões de novos casos da doença e cerca de três milhões de mortes relacionadas.
Além dos impactos diretos sobre o HIV, o corte nos investimentos dos EUA pode levar ao fechamento de até 80% dos serviços essenciais de saúde financiados pela OMS no Afeganistão. A escassez de recursos já levou ao encerramento de 167 unidades de saúde ao redor do mundo até 4 de março.
Ghebreyesus ressaltou a responsabilidade dos Estados Unidos em garantir que sua retirada de financiamento ocorra de forma planejada, permitindo que os países afetados encontrem fontes alternativas de recursos. “Os Estados Unidos têm a responsabilidade de garantir que, se retirarem o financiamento direto para os países, isso seja feito de forma ordenada e humana”, enfatizou o diretor-geral da OMS.
O HIV continua sendo uma das principais preocupações da saúde global. O tratamento da doença depende do uso contínuo de medicamentos antirretrovirais (ARV), que impedem a multiplicação do vírus no organismo e ajudam a preservar o sistema imunológico. A interrupção desses tratamentos pode levar ao agravamento da condição de milhões de pessoas ao redor do mundo.