Bolsonaro resiste a Tarcísio e cogita sucessor da própria família para 2026
Ex-presidente demonstra insatisfação com articulações em torno do nome do governador de SP e preocupa aliados do centro e da direita
Por Plox
18/05/2025 11h33 - Atualizado há 2 meses
A possível sucessão de Jair Bolsonaro (PL) à Presidência em 2026 tem gerado tensão entre seus aliados. O ex-presidente tem mostrado resistência em apoiar o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), como nome da direita na próxima corrida eleitoral.

Dentro do grupo bolsonarista, há crescente insatisfação com os movimentos que buscam emplacar o nome de Tarcísio. Segundo relatos de interlocutores, essa movimentação tem incomodado Bolsonaro, que enxerga falta de solidariedade do governador e vê pouca efetividade nas pontes construídas por ele com o STF (Supremo Tribunal Federal), sem benefícios práticos para seu grupo político.
Enquanto isso, aliados próximos ao ex-presidente têm reforçado críticas a Tarcísio, o que aumenta a tensão. Para muitos, a presença do governador em articulações nacionais é interpretada como tentativa velada de se consolidar como opção viável ao Planalto, mesmo com suas negativas públicas.
O próprio Tarcísio tem dito que não pretende disputar a Presidência e quer a reeleição ao governo paulista. Ele chegou a recusar convites para eventos em outros estados como Mato Grosso, Rio Grande do Sul e Minas Gerais. Seus aliados negam qualquer rompimento com Bolsonaro e destacam gestos de lealdade, como o fato de Tarcísio ter aceitado ser testemunha de defesa no processo do 8 de Janeiro e apoiado o projeto de anistia ao ato.
Ainda assim, Bolsonaro sinaliza preferência por manter a sucessão dentro de seu clã. Os nomes de Michelle Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro (PL), que está nos EUA, são citados com frequência. A possibilidade de o ex-presidente insistir em sua candidatura até o último momento, apesar da inelegibilidade, também preocupa partidos de centro.
Lideranças políticas desse espectro afirmam que preferem apoiar Tarcísio, mas temem que Bolsonaro insista em colocar alguém da família, o que poderia levar parte deles a até mesmo apoiar a reeleição de Lula (PT). Essa possibilidade é alimentada pela postura de Bolsonaro, que tem usado sua influência política como trunfo para se proteger das investigações no STF e manter sua base unida.
Desde fevereiro, essa indefinição tem causado incômodo nos bastidores, pois atrasa a organização das campanhas estaduais e pode prejudicar o desempenho da direita em 2026. Segundo aliados, a expectativa era que o avanço do julgamento sobre a tentativa de golpe de 2022 pudesse forçar um gesto de Bolsonaro em favor de outro nome — o que ainda não aconteceu.
Durante entrevista ao UOL, Bolsonaro criticou governadores de direita por não se manifestarem contra sua inelegibilidade. Ele defendeu que esses líderes questionem publicamente o motivo das acusações e a justiça da decisão. A declaração veio em meio às articulações do ex-presidente Michel Temer (MDB) para uma candidatura unificada do centro e da direita, o que também provocou reações no grupo bolsonarista.
Em 2022, mesmo antes da inelegibilidade, parte da base de Bolsonaro já desconfiava das intenções de Tarcísio em relação ao Planalto. Com a proximidade do calendário eleitoral, o impasse permanece, e o futuro da direita continua atrelado à definição do ex-presidente sobre seu sucessor.