Brasil atinge recorde com mais de 70 milhões de inadimplentes
Alta da inadimplência em abril revela impacto da inflação e juros altos nas finanças das famílias
Por Plox
18/05/2025 22h32 - Atualizado há 1 dia
O Brasil atingiu um novo e preocupante recorde de inadimplência. Um levantamento da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) em parceria com o SPC Brasil apontou que, em abril de 2025, mais de 70,29 milhões de brasileiros adultos estavam com o nome negativado.

Esse número representa 42,36% da população adulta do país, com crescimento de 4,59% em relação a abril do ano anterior. Quando comparado a março deste ano, a alta foi de 1,09%. A pesquisa considerou dados de todas as capitais brasileiras, além de cidades do interior dos 26 estados e do Distrito Federal.
A faixa etária com maior concentração de inadimplentes está entre 30 e 39 anos, com cerca de 17,38 milhões de pessoas nessa situação, o que representa mais da metade desse grupo populacional. O presidente da CNDL, José César da Costa, comentou sobre o momento delicado:
O novo recorde histórico de inadimplência evidencia a crescente dificuldade do brasileiro em equilibrar o orçamento no fim do mês
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Entre os motivos apontados para o aumento da inadimplência estão os preços elevados dos itens essenciais, o alto grau de endividamento das famílias e os impactos da taxa básica de juros em trajetória de alta. O presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Júnior, reforçou a gravidade do cenário:
Parte da solução está na educação financeira, mas é indispensável que o governo atue para promover maior estabilidade econômica, com políticas de controle da inflação que não dependam exclusivamente do aumento da taxa de juros
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Outro dado relevante do levantamento é o crescimento expressivo no número de pessoas com dívidas atrasadas há mais de três anos: essa categoria teve alta de 46,43%. Em média, cada inadimplente devia R$ 4.689,54 em abril, com os débitos distribuídos entre 2,18 empresas por consumidor. Embora três em cada dez pessoas deviam até R$ 500, quase 44% tinham dívidas abaixo de R$ 1.000.
Em termos setoriais, os bancos lideram como principais credores, com 66,95% das dívidas, seguidos pelas empresas de fornecimento de água e energia elétrica (9,78%) e pelo comércio (9,64%). O número total de dívidas em atraso aumentou 8,75% em um ano e 2,22% no comparativo entre março e abril. Por outro lado, os setores de água e luz registraram queda de 5,32% e o comércio recuou 2,03%.
Regionalmente, o Centro-Oeste foi a região com o maior percentual de inadimplentes, chegando a 46,12%. Já o Sul apresentou o menor índice, com 37,85%. Vale destacar que, para o estudo, mesmo que uma pessoa tenha mais de uma dívida com o mesmo credor, é considerada apenas uma por empresa, o que dá mais clareza ao perfil da inadimplência no Brasil.