Lula e ministros avaliam CPMI sobre fraudes no INSS em meio à crise de popularidade

Presidente se reúne com aliados para discutir a possível instalação da comissão, que pode expor falhas da atual e da gestão anterior; oposição já colheu assinaturas necessárias

Por Plox

18/05/2025 07h17 - Atualizado há 3 dias

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva convocou, nesta sexta-feira, uma reunião com ministros no Palácio da Alvorada para debater a criação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) com foco nas fraudes ocorridas no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Apesar da resistência da base aliada, a proposta de instalar a comissão vem ganhando força entre os parlamentares, inclusive entre alguns que apoiam o governo, como forma de se antecipar ao movimento da oposição e controlar a narrativa do escândalo.


Imagem Foto: Agência Brasil


Durante o encontro, estiveram presentes os ministros Rui Costa (Casa Civil), Gleisi Hoffmann (Secretaria de Relações Institucionais), Sidônio Palmeira (Secretaria de Comunicação Social), Wolney Queiroz (Previdência) e o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA).


O pedido formal para criação da CPMI foi protocolado pela oposição com 260 assinaturas, número suficiente para sua instalação. A decisão agora está nas mãos do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), que deve ler o requerimento na sessão conjunta do Congresso marcada para o próximo dia 27 de maio.



O Planalto avalia que a instalação da comissão pode aumentar o desgaste político do governo, já afetado por uma crise de popularidade, e prejudicar a resposta às vítimas dos descontos irregulares do INSS. Após a reunião, a ministra Gleisi Hoffmann declarou nas redes sociais que a CPMI poderia prejudicar as investigações em curso e atrasar a devolução dos valores descontados indevidamente.


Ela também alertou para o risco de vazamentos de informações e interferência externa na apuração. Apesar de reconhecer que a criação de CPIs é prerrogativa do Legislativo, Gleisi relembrou o papel da CPI da Covid-19 e criticou a gestão anterior, de Jair Bolsonaro, por supostamente acobertar irregularidades.



Para o governo, um dos principais temores é a repercussão negativa junto à opinião pública. Pesquisas recentes apontam que parte significativa da população apoia investigações sobre o escândalo. Evitar se posicionar contra a CPMI, às vésperas da sua possível instalação, é visto como uma estratégia para não sofrer uma derrota política evidente.


Diante da possibilidade concreta de criação da comissão, o foco do Planalto passa a ser a ocupação de cargos-chave na CPMI, como a presidência e a relatoria. A base governista também tenta isolar figuras da oposição com forte atuação nas redes sociais, como o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG).



Líderes do governo, como o senador Jaques Wagner, ponderam que a CPMI pode até ser favorável ao Executivo se conseguir direcionar o foco das investigações para atos iniciados durante o governo Bolsonaro. Wagner destacou que foi o presidente Lula quem autorizou a investigação da Polícia Federal sobre o caso e deixou claro que, apesar de não ser a favor de CPIs, considera apoiar esta comissão caso se prove que o esquema teve início na gestão anterior.


A senadora Damares Alves (Republicanos-DF), uma das responsáveis pelo pedido da CPMI, informou que uma comitiva deve se reunir na próxima semana com o presidente do Congresso para pressionar pela instalação do colegiado.



O senador Rogério Carvalho (PT-SE), líder do partido no Senado, reforçou que o PT só apoia a comissão se ela não se limitar ao período do governo atual. A intenção, segundo ele, é investigar todas as fases do esquema de fraudes. Já o senador Fabiano Contarato (PT-ES), primeiro petista a assinar o requerimento, afirmou nas redes sociais que sua decisão visa garantir uma apuração profunda e a punição de todos os envolvidos, independentemente de quem sejam.


Segundo Contarato, é inaceitável que aposentados e pensionistas sejam vítimas de um crime tão cruel. Ele também destacou que o esquema começou ainda no governo Bolsonaro e precisa ser desvendado em todos os seus detalhes.


Assim, enquanto o governo tenta evitar uma nova crise, cresce a expectativa em torno da leitura do requerimento e da instalação da CPMI, que pode mudar os rumos do debate político no Congresso nas próximas semanas.


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