STF inicia depoimentos sobre trama golpista envolvendo Bolsonaro e aliados
Audiências começam com testemunhas da acusação; governadores, ex-ministros e militares estão entre os convocados
Por Plox
18/05/2025 07h07 - Atualizado há 2 dias
O Supremo Tribunal Federal (STF) dá início nesta segunda-feira (19) aos depoimentos das testemunhas indicadas na ação penal que apura uma suposta articulação golpista para manter Jair Bolsonaro (PL) na presidência, mesmo após a derrota nas eleições de 2022.

Nesta fase, os primeiros a serem ouvidos são os nomes listados pela Procuradoria-Geral da República (PGR), entre eles figuras de destaque das Forças Armadas. Já a partir do dia 22, será a vez das testemunhas convocadas pelas defesas dos réus.
A PGR escalou nomes do alto comando militar, como os ex-comandantes Marco Antônio Freire Gomes (Exército) e Carlos Almeida Baptista Júnior (Aeronáutica), que afirmaram em depoimentos anteriores que Bolsonaro apresentou uma minuta com plano de golpe. Também estão na lista:
- Éder Lindsay Magalhães Balbino, empresário que teria ajudado a produzir material com suspeitas infundadas sobre as urnas;
- Clebson Ferreira de Paula Vieira, servidor responsável por planilhas ligadas a Anderson Torres;
- Adiel Pereira Alcântara, ex-coordenador da inteligência da PRF, que teria atuado para dificultar o deslocamento de eleitores no segundo turno de 2022.
O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, teve o depoimento desta segunda dispensado pela PGR, mas permanece como testemunha vinculada ao ex-ministro Anderson Torres, que comandava a Segurança Pública do DF na época dos atos de 8 de janeiro de 2023.
Na quinta-feira (22), será a vez das testemunhas de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e réu que fechou delação premiada. Entre os ouvidos estarão o ex-comandante do Exército Júlio Cesar de Arruda e o ex-assessor Luís Marcos dos Reis.
Já os depoimentos ligados a Alexandre Ramagem e ao general Braga Netto estão marcados a partir de sexta-feira (23). Nessa etapa, os convocados incluem:
- Carlos Afonso Gonçalves Gomes Coelho, delegado investigado no caso da Abin paralela;
- Frank Márcio de Oliveira, ex-diretor-adjunto da Abin;
- Rolando Alexandre de Souza, ex-diretor-geral da PF;
- Alexandre de Oliveira Pasiani, ex-diretor do Cepesc;
- Waldo Manuel de Oliveira Aires, coronel do Exército.
Entre os dias 30 de maio e 2 de junho, será a vez das testemunhas indicadas por Bolsonaro. A lista inclui:
- Tarcísio de Freitas, governador de SP;
- Amauri Feres Saad, advogado;
- Gilson Machado, ex-ministro do Turismo;
- Ricardo Peixoto Camarinha, médico cardiologista;
- Giuseppe Dutra Janino, ex-secretário de Tecnologia do TSE;
- Eduardo Pazuello (PL-RJ), deputado e ex-ministro da Saúde;
- Rogério Marinho (PL-RN), senador.
A denúncia foi enviada ao STF pela PGR em 26 de março, acusando Jair Bolsonaro e mais 33 pessoas por golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa.
Segundo o Ministério Público, a liderança da suposta organização criminosa ficava a cargo de Bolsonaro e de seu então vice na chapa, Braga Netto. O grupo teria se articulado para impedir, de forma coordenada, a efetivação do resultado eleitoral.
A PGR dividiu os réus em núcleos, sendo o 'núcleo crucial' composto por Bolsonaro, Mauro Cid, Alexandre Ramagem (ex-diretor da Abin), Almir Garnier (ex-comandante da Marinha), Anderson Torres (ex-ministro da Justiça), Augusto Heleno (ex-GSI), Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa) e Walter Braga Netto (ex-ministro da Casa Civil).