Bolsonaro afirma que vacinas contra a Covid-19 tem grafeno que "acumula em testículos e ovários"; especialistas negam

Esse episódio soma-se a uma série de divulgações de notícias consideradas falsas sobre vacinas por parte do ex-presidente, o que gerou investigações pelo Supremo Tribunal Federal (STF)

Por Plox

18/06/2023 08h39 - Atualizado há mais de 1 ano

Em meio a uma participação em um evento do Partido Liberal (PL) na cidade de Jundiaí, o ex-presidente Jair Bolsonaro causou polêmica ao reiterar seus ataques às vacinas contra a Covid-19, emitindo uma alegação incorreta sobre a presença de "grafeno" em sua composição. Segundo Bolsonaro, o grafeno se acumularia nos "testículos e ovários", uma afirmação não respaldada por nenhuma evidência científica.

No evento, Bolsonaro acompanhava o senador Astronauta Marcos Pontes, ex-ministro da Ciência em seu governo, que discursava sobre a relevância do grafeno para o desenvolvimento econômico. Contudo, informações oficiais contradizem a alegação de Bolsonaro. As bulas das vacinas Pfizer, Coronavac e Janssen, distribuídas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), não indicam a presença desse material em suas composições.

Jair Bolsonaro quando ainda exercia o cargo de presidente. Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil.

 

Esse episódio soma-se a uma série de divulgações de notícias consideradas falsas sobre vacinas por parte do ex-presidente, o que gerou investigações pelo Supremo Tribunal Federal (STF). No passado, Bolsonaro fez alegações infundadas de que a vacinação estaria associada ao vírus da aids.

Mudanças no cenário político e potencial inelegibilidade

Em Jundiaí, Bolsonaro estava ao lado do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, para efetuar a filiação do prefeito da cidade, Luiz Fernando Machado, ao PL. Machado, anteriormente filiado ao PSDB, foi um aliado de João Doria, ex-governador e um dos principais opositores de Bolsonaro na presidência.

Vale destacar que a propagação de informações inverídicas por Bolsonaro ocorre às vésperas de uma decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre sua possível inelegibilidade. Bolsonaro enfrenta acusações de abuso de poder político e dos meios de comunicação no TSE, especificamente por disseminar falsidades sobre o funcionamento das urnas eletrônicas.

Caso Bolsonaro seja condenado pela maioria dos sete ministros da Corte, ele ficará inelegível por oito anos. Esse resultado faria dele o primeiro ex-presidente a perder os direitos políticos por uma decisão da Justiça Eleitoral devido a crimes cometidos no exercício do mandato.

Especialistas contestam declarações de Bolsonaro

Ao fim do dia, especialistas intervieram para corrigir as alegações errôneas de Bolsonaro. De acordo com pesquisadores, o grafeno não é componente de nenhuma das vacinas aplicadas no Brasil, confirmando que o elemento não é mencionado nas bulas das vacinas Pfizer, CoronaVac, Janssen e Oxford/AstraZeneca/Fiocruz, todas distribuídas pelo SUS.

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